Microsoft cancelou Perfect Dark, fechou The Initiative e o jogo seria episódico

O reboot de Perfect Dark, inspirado em Westworld, priorizava ação tática e escolhas estratégicas, mas foi cancelado após cortes na Microsoft e falha em acordo com a Take-Two.
Escrito por:
Lucas Amaral

A Microsoft tinha planos ambiciosos para reviver Perfect Dark, mas o projeto acabou cancelado no meio de uma onda de cortes que atingiu estúdios e equipes internas. A proposta não era só um reboot genérico: o jogo estava sendo pensado para ocupar um vácuo no gênero “agente secreto”, justamente num momento em que franquias clássicas voltam à tona — Metal Gear Solid Delta: Snake Eater já está disponível e o estúdio do Hitman prepara 007: First Light para o próximo março. Mesmo com esse cenário promissor, o desenvolvimento foi interrompido e o estúdio The Initiative foi fechado em julho.

O que o jogo tentava ser

Documentos internos revelaram que a visão criativa do projeto tinha inspiração direta na série Westworld — a visão criativa se inspirava em Westworld — e a ideia era lançar o conteúdo de forma episódica, com o que foi mostrado publicamente sendo apenas parte da “Temporada 1”. O material liberado no passado, que alguns chamaram de demo duvidosa, era na verdade um trecho jogável: o demo era um vertical slice rodando no motor do jogo, segundo depoimentos de quem trabalhou no título.

Do ponto de vista de mecânicas, o reboot explorava sistemas que priorizavam ação tática e escolhas de risco/retorno. Havia um sistema de adrenalina pensado para oferecer três caminhos durante o combate: curar-se, aumentar dano causado ou reduzir dano recebido. Paralelamente, uma mecânica de foco permitiria desacelerar o tempo para desviar de balas — algo que casa bem com jogabilidade focada em reação e decisões rápidas. Para quem gosta de shooters, isso aponta um equilíbrio entre stealth, ação e habilidades quase cinematográficas.

A negociação para salvar o projeto chegou perto de acontecer: a Microsoft esteve em conversas com a Take-Two, dona de publicadora de Grand Theft Auto, mas o acordo acabou não se concretizando. Além de Perfect Dark, outros projetos amados, como o Everwild da Rare, também foram cancelados na mesma leva de cortes.

“Nossa plataforma, hardware e roadmap de jogos nunca estiveram tão fortes… Devemos tomar decisões agora para ter sucesso nos próximos anos e parte dessa estratégia é priorizar as oportunidades mais fortes,” disse Phil Spencer, CEO da Microsoft Gaming, em um memorando aos funcionários afetados.

“O demo do ano passado não era fake — era um vertical slice rodando in-engine,” afirmou um desenvolvedor que trabalhou no reboot, defendendo a autenticidade do que foi mostrado.

No fim, o cancelamento deixa uma sensação de “e se?” para fãs e desenvolvedores: a ambição técnica e narrativa existia, as mecânicas prometiam novidade, mas a combinação de custos e prioridades estratégicas encerrou o projeto antes que pudéssemos ver sua execução final. Ainda assim, vale acompanhar como esses conceitos podem ressurgir — em outro estúdio, outra franquia, ou em futuros talentos que passaram por The Initiative.