Desde o segundo em que comecei a jogar Baby Steps, soube que estava diante de algo esquisito, imprevisível e gloriosamente estranho — e, claro, me apaixonei em cinco segundos! Sério, quem diria que um simulador de caminhada superesquisito, descendente espiritual de cult classics dolorosos como QWOP e Getting Over It (e com Bennett Foddy no time de desenvolvimento), me faria rir, xingar e querer chorar de raiva no mesmo par de horas? Esse jogo é basicamente um teste de paciência e autoafirmação: você controla o humano mais desengonçado da criação e precisa mandá-lo por obstáculos que parecem projetados só pra te humilhar. E, no meio disso tudo, tem roteiro com coração, personagens bizarros e caminhos ramificados que te deixam escolher quanto sofrimento você quer aguentar! Não é lindo?!?!
O protagonista é Nate: um cara de 35 anos, com cara de neckbeard, que aparentemente sonambulou a vida inteira e resolve ir numa trilha sem estar minimamente preparado. Ele tá descalço, usa um macacão sujo que parece não ter saído do corpo dele em anos e, pasmem, recusa ajuda de todo mundo — talvez porque prefere evitar interação social tanto quanto evita cardio. Mas, apesar de ser o tipo de personagem que você quer socar no começo, eu confesso: comecei a simpatizar com o desastre ambulante. Aos poucos, aquela carapaça de loser vai descascando e você percebe que por baixo tem alguém isolado, triste e surpreendentemente fofo. Não me julga, quem nunca torceu pelo bonachão atrapalhado depois de meia hora?
Os NPCs (ou melhor, as figuras esquisitas que você encontra pelo caminho) são um show à parte. Todos são dublados por um pequeno grupo de pessoas que parecem improvisar as falas, e, olha, funciona demais! Por exemplo, tem o Jim, que tenta ser o guia do Nate e leva inúmeros “não” até entrar meio que como um antagonista amargurado — e cada aparição dele me deixou rindo alto a ponto de incomodar os vizinhos! O jogo é profundamente inapropriado e politicamente incorreto em quase tudo, o que combinou perfeitamente com meu senso de humor doentio; mesmo quando uma piada não acertava, eu achava que valia pela ousadia de fugir daquele déjà vu de Jornada do Herói que estamos cansados de ver.
“Quando você começa, Baby Steps te pergunta se você quer desligar ‘algumas representações de nudez’. Como você vai responder?” — Pergunta do jogo ao iniciar
Aprender a andar nunca foi tão humilhante (ou tão viciante)
A mecânica central é a coisa mais doida: ao invés de apertar um botão e andar, você controla cada perna separadamente. Resultado? Vira um espetáculo de tombos, caretas e tentativas desesperadas de equilibrar um corpo que parece feito de gelatina. No começo eu cara, me esfacelei. Levei horas até conseguir andar num terreno levemente irregular sem afundar a cara no chão como uma criança mexendo em pernas-de-pau quebradas. Mas aí — e que tal essa parte mágica — as contra-intuitivas regras internas do jogo começam a fazer sentido: a pressão que você aplica no gatilho define a altura do pé; quando você levanta uma perna, Nate empurra com mais força o pé que ficou no chão; às vezes isso te salva, às vezes te manda escorregar ladeira abaixo.
“Não me entenda mal: houve muitas vezes em que eu caí no chão caminhando em terreno normal, mesmo perto do fim, e ainda é um saco fazer movimentos básicos.” — Observação da autora durante a jogatina
O mais bonito é que essa curva de aprendizado cria um vício perigoso: o sistema tem tanta nuance e truques escondidos que você sente que pode sempre melhorar. Eu, competitiva assumida, mergulhei numa busca por domínio total — e passei noites em claro chorando de raiva e rindo do meu próprio ódio dessa criação infernal! No fim das cerca de 20 horas que levei pra terminar, eu me sentia praticamente uma cabra montesa com training ninja: escalava paredes íngremes, equilibrava em superfícies minúsculas e fazia aquelas manobras que pareciam impossíveis nas primeiras horas. Eu juro, parecia que tinha virado madeira de tanquinho! É uma sensação de conquista tão absurda que vira até meio emocional!
Mas ó, não vou te enganar: tem momentos em que o jogo te pune de forma injusta. Raramente, Nate pode ficar preso em objetos ou se mover de formas estranhas que te fazem perder 20 minutos de progresso — e isso é irritante demais. A maioria das vezes, as falhas são culpa do jogador mesmo, claro, mas quando rola aquela sensação de que você não teve controle nenhum sobre o seu fracasso, dói mais ainda. Ainda assim, esses episódios são raros frente à enorme satisfação que vem de aprender o sistema.
Caminhos pra quem curte sofrimento e pra quem prefere um passeio
Uma das decisões de design que mais curti foi a opção de tornar muita coisa opcional e sempre visível. Lá no alto da montanha você vê uma trilha “apimentada” e pensa: entro nessa? Se você topar, pode passar várias tentativas até conseguir — ou desistir e seguir a rota principal, que é bem menos cruel. Isso é genial porque te dá controle sobre quanto quer se torturar em determinado dia. Eu, claro, quase sempre escolhia o caminho hardcore (quem resiste a ter uma cena bizarra como recompensa?), mas adorei saber que podia pular pro trecho mais leve quando já tava exausta de morde e assopra.
O jogo também recompensa quem se arrisca com cutscenes bobas ou pequenas histórias no final. Essas recompensas são a cereja do bolo pro jogador que gosta de se desafiar: o esforço extremo paga com momentos de pura insanidade narrativa que valem cada tapa que você levou dos controles.
Os ambientes são variados e trazem ideias novas constantemente: desertos arenosos que fazem o chão ceder, minas abandonadas cheias de túneis e madeira podre que exigem precisão cirúrgica, turbinas de água que têm uma mecânica curiosa de equilíbrio e lagos congelados que transformam tudo numa lição de movimentos deliberados. Apesar dessa criatividade, vamos combinar: o visual não é o forte de Baby Steps. Ele é feio, com árvores repetitivas e faces embaçadas — e ainda por cima sofre com pop-in considerável. Mas, sinceramente, acabou virando parte do charme esquisito do jogo. Aquela estética lofi combina com a vibe suja e caótica da experiência!
Baby Steps é feio e bizarro, mas tem personalidade de sobra — e isso já vale muito nos dias de hoje!
Os personagens, além do já citado Jim, são deliciosamente abjetos. As falas parecem improvisadas e às vezes vagam sem rumo, mas isso meio que reflete o tom do mundo e funciona. Eu ria alto com certa frequência — às vezes me perguntava se devia ter vergonha de me divertir tanto com esse humor torcido!
Durante a minha jornada, houve puzzles que pareciam injustos, e outros que eram brilhantemente criativos. O equilíbrio entre desafio e exploração é bem pensado: você sempre sente que aprender algo novo foi mérito seu. Mais do que isso, o jogo te dá espaço pra falhar com estilo — e, no processo, te ensina a dar aquele passo imperfeito que vira arte.
Você gosta de jogos que desafiam seu corpo virtual e sua paciência real ao mesmo tempo? Quer rir de cenas inadequadas e ainda sentir que cada tombo te ensina algo? Então esse é pro seu rolê!
Eu preciso perguntar: quem aí curte sofrer um pouquinho por prazer nos games? Quem já passou 30 minutos tentando subir um trecho e, mesmo assim, voltou no dia seguinte pra tentar de novo? Aposto que tem muita gente igual a mim por aí, né?!
Apesar de todos os momentos de raiva, Baby Steps é feito por gente que entende o equilíbrio entre desafio e justiça. A maior parte das quedas e fracassos é consequência do jogador ter que aprender a mecânica — e quando você começa a entender, tudo vira tão satisfatório que dá vontade de aplaudir cada passo reduzido ao mínimo.
Por outro lado, se você é do tipo que detesta quando um bug ou colisão estranha te elimina sem dó, esse jogo pode te tirar do sério. Em 1% dos casos, você perde progressos por motivos que fogem da sua habilidade, e quando isso acontece, meu deus, que ódio! Mas como esse tipo de problema é raro, vale a pena perdoar e seguir.
No final das contas, Baby Steps é um passeio sombrio e engraçado pelo desconforto humano. É um jogo que parece feito pra te humilhar e, ao mesmo tempo, te dar um abraço estranho no fim da trilha. A narrativa excêntrica, as rotas opcionais e a mecânica que evolui de grotesca pra arte sublime fazem dele uma experiência única — e isso, meus amigos, é raro de ver.
Se você curte jogos mobile, simuladores esquisitos ou mundos abertos cheios de personalidade (tipo GTA ou Cyberpunk, mas em forma de caminhada desajeitada), dê uma chance a esse título. Só não diga que eu não avisei: você vai rir, xingar, quase chorar e acabar voltando pra tentar mais um trecho às duas da manhã! Quem diria que dar dois passos podia ser tão épico?!
E se por acaso você já jogou, conta pra mim: qual foi o local mais absurdo onde você caiu? Te desafio a me contar sem rir!