Vivo Keyd elimina RED Canids e garante vaga nos playoffs, danoco diz ‘temos mais calma’ em LAN

Vivo Keyd Stars demonstra evolução com adaptações táticas, leitura de mapas e calma em LAN, buscando transformar excelência individual e coletividade constante em sucesso nos playoffs.
Escrito por:
Lucas Amaral

O novo time da Vivo Keyd Stars ainda está procurando um lugar fixo ao sol, mas as últimas performances mostram que o projeto tem substrato: vitórias contra Imperial, ODDIK e, mais recentemente, uma eliminação da RED Canids que garantiu vaga em playoffs na etapa paulista. Em uma conversa direta com a Dust2 Brasil, Daniel “danoco” Morgado falou sobre ritmo de jogo, leitura de mapas, ajustes táticos e por que a equipe parece render melhor em LAN do que online — pontos que merecem análise técnica para entender onde o time cresce e o que ainda precisa ser polido.

Como a série se desenrolou e onde a equipe brilhou

A série contra a RED foi um bom exemplo de adaptação tática e controle de ritmo. Na Ancient, a equipe acabou acelerando e foi punida pelas reações da RED; já na Nuke, a situação parecia crítica com o placar 11-9 a favor do adversário. Foi aí que entrou a resiliência: ajustes de pace, comunicação mais limpa e foco nas execuções. “O nosso time se dá melhor, temos mais calma, talvez os outros times errem mais na LAN por conta da euforia e da ansiedade” – Daniel “danoco” Morgado. Esse ponto é crucial: em LAN, a diferença muitas vezes não é só habilidade individual, mas como a equipe mantém composure sob pressão.

No mapa que selou a série, Mirage, a Vivo Keyd impôs o próprio jogo. A leitura tática — antecipar rotas, pegar trade e controlar rota média — foi superior, e isso se traduziu em rounds consistentes. Anticipação e controle de ritmo foram as chaves na Mirage, onde a equipe converteu vantagem posicional em rounds pelo controle de informações e timings de utilitários. Jogadores como vina e Cutz tiveram papéis claros: vina com impacto em posições de contato e Cutz com calls eficientes que organizaram as execuções.

Detalhes táticos: Nuke, execute em A e a importância da leitura

Na Nuke, a virada saiu mais por leitura do que por hero plays individuais. Danoco foi explícito sobre não ter tido sua melhor partida individual, mas sim em destacar o papel coletivo: segurar bomb A, converter rounds via posicionamento e neutralizar pushes rivais. “Na Nuke só não desacreditamos, porque o time começa a tomar round, o outro tá na frente e a galera desanima, comunica menos. Nós acreditamos em todos os rounds” – Daniel “danoco” Morgado. Isso diz muito sobre a disciplina do elenco em rotinas de round — economias, fake de util, trade e uso de rotações rápidas para fechar espaços.

Taticamente, quando o adversário insiste em execuções, a resposta certa é disciplina defensiva: não pregar-se demais em um bomb sem rota de escape, manter crossfires e usar util de contra-execução. O t9rnay foi citado como destaque na B, e esses desempenhos em pockets garantiram a virada. Em resumo: quem conseguiu converter vantagem posicional e manter jogo mental consistente venceu.

A calma em LAN tem peso prático, não é só psicológico. Em cenário competitivo, menor fricção de comunicação e rotina de warmup similar resultam em decisões mais coesas — e isso foi evidente na série.

Leitura de mapas e ocupação de posições também foram trabalhadas para maximizar impacto de jogadores-chave. Vina, por exemplo, foi colocado em posições de contato que exploram sua leitura de jogo rápido e capacidade de decisão sob pressão. “O vina jogou muito bem na Nuke, o Cutz passou boas calls… nós usamos ele da melhor forma, tanto que eu mudei muitas posições e ele está fazendo muitas posições de contato e impacto do jogo” – Daniel “danoco” Morgado. Danoco ainda comentou sobre a possibilidade de usar o vsm em papéis mais solitários em bomb sites, ressaltando o potencial de leitura dele.

“Na minha opinião, colocar o vsm de solo bomb… ele pode ser usado muito melhor que isso, porque tem um potencial absurdo, principalmente na leitura de jogo” – Daniel “danoco” Morgado. Essa frase aponta que a equipe pensa em otimizar papéis: colocar talentos em situações que maximizem a decisão rápida e a reação a reads do oponente.

Por que alguns jogos têm oscilações? A resposta do capitão é técnica: inconstância coletiva e dificuldade contra times que jogam em pace muito rápido. Quando aceleram, a equipe perde a própria identidade e começa a falhar em coordenação. “Tem jogo como o de hoje, contra a RED, que fomos super bem… mas temos oscilações, principalmente contra times que correm muito, temos mais dificuldades” – Daniel “danoco” Morgado. É um ponto recorrente — time precisa de mecanismos de controle, como chamadas de pace claras e planos de contingência para resets de round.

O trabalho para ajustar isso envolve treinamento específico contra estilos rápidos: treinos de scrim com pace alto, simulação de rounds onde o adversário força entradas rápidas e drills para manter compostura em eco-rounds. Além disso, reforçar leituras pré-round — quem está rodando utility quando, quem corta rota média, quem segura trade — diminui a chance de erro em momentos acelerados.

Como transformar esse estágio de crescimento em sucesso consistente nos playoffs? A resposta está em manter a base: disciplina, leitura e utilização correta de jogadores-chave, além de corrigir a oscilação coletiva com rotinas táticas. Danoco deixa claro que a meta é replicar o que deu certo: ser resiliente, controlar pace e manter a calma. “É o que queremos, o que buscamos. Eu acredito que sermos resilientes nos jogos é uma coisa muito boa” – Daniel “danoco” Morgado.

Para quem acompanha esports: vale ficar de olho em como a Vivo Keyd Stars vai ajustar o playbook contra equipes argentinas e outras com ritmo avassalador. A resolução técnica passa por treinos de cenário, refinamento de calls e, claro, uso inteligente de jogadores como vina e vsm.

No fim das contas, o time tem uma identidade surgindo — baseada em calma, leitura e adaptabilidade —, mas precisa transformar flashes de excelência em padrão. A pergunta que fica é: quando o coletivo se tornar tão constante quanto as boas leituras individuais, que nível esse time pode alcançar nas etapas finais? Se a resposta vier com o mesmo trabalho de análise e ajuste que o time demonstra, as chances são grandes de que não só beliscarão vitórias, mas que serão presença constante nas fases decisivas.