O que Sentimos Depois de 3 Horas no Mundo Wuxia de Where Winds Meet

Na última semana, começou o beta global de Where Winds Meet, o ambicioso RPG de mundo aberto da NetEase já lançado na China. Ambientado por volta do ano 1000, justo entre as dinastias Tang e Song, durante o conturbado período das Cinco Dinastias e Dez Reinos, o jogo coloca você no papel de um herói errante cuja força pessoal fala mais alto que qualquer lei ou corte imperial. Gratuito para jogar, o título busca equilíbrio entre exploração livre, combate técnico e uma imersão no universo wuxia que pulsa em cada cenários de bambuzais, vilarejos e grandes capitais. Mas como será que essa experiência se encaixa no seu PC ou no Xbox Series X? E será que dominar tai chi contra um urso vira questão de apertar o botão certo no tempo exato?

Universo e ambientação histórica

Where Winds Meet mergulha o jogador numa recriação detalhada da China medieval. A capital Kaifeng, por exemplo, ressurgiu com base em registros arqueológicos e roteiros históricos, exibindo ruas movimentadas, vendedores de chá, lanternas coloridas e pontes arqueadas sobre rios agitados. O sistema de reputação com mais de mil NPCs faz com que cada conversa importe: ajudar um mercador a consertar sua carroça gera favores, enquanto desviar de cobranças de impostos estreita laços com rebeldes locais. É curioso observar como o jogo trata aspectos urbanos como tráfego de carruagens e rotas de comércio, liberando quests dinâmicas conforme o horário do dia – quem nunca trocou uma missão noturna por um evento especial de lua cheia? Ao longo da exploração, sensores de proximidade disparam diálogos contextuais, te fazendo perceber que cada beco e mercado tem vida própria.

“é o primeiro jogo de mundo aberto temático wuxia do mundo” — Chris Lyu

Jogabilidade e técnicas místicas

Antes mesmo de empunhar sua espada, o tutorial apresenta um momento memorável: um homem de cabelos esvoaçantes sostendo um bebê em um bosque de bambu, sendo perseguido por um irmão de clã. Movimentos em câmera lenta, cortes estilizados e saltos ágeis evocam cenas clássicas do cinema chinês. Logo depois, um velho eremita ao lado de um rio lhe propõe enfrentar um urso faminto por mel. Aqui, ícones surgem sobre o oponente: se você executar o botão indicado no tempo exato, aprende os movimentos de tai chi do animal e desbloqueia sua primeira Mystic Art. Esse método de observação da natureza para absorver habilidades – que vai desde o estrondo do Lion’s Roar até a letal Toad Style – reforça a sensação de que o jogador é parte de um mundo em que a harmonia com o ambiente rende novas técnicas. É fascinante perceber como movimentos defensivos podem funcionar também em puzzles de pesca ou deslocamento, ao criar redemoinhos que encurralam peixes e liberam passagens submersas. Esse casamento entre combate e uso prático de poderes místicos coloca a exploração e a progressão lado a lado, de forma orgânica.

Sistema de combate e armas

A NetEase reuniu elementos consolidados em jogos de ação modernos e temperou com sua própria pitada wuxia. O parry, por exemplo, segue a lógica de franquias como Sekiro, mas entra em câmera lenta no momento crítico e exibe um ícone que pode ser desligado nas opções. Atenção: esses ícones consomem Insight Points, então não espere rebater todos os golpes sem estratégia. Até o momento, são sete tipos de arma – de espadas e lanças a guarda-chuvas e leques – cada qual com habilidades únicas, como atordoar inimigos ou criar zonas de cura para aliados. Você pode equipar arma principal e secundária simultaneamente, trocando golpes e explosões de efeitos conforme o clã que escolheu estudar (são 11 escolas ao todo). Combinando técnicas místicas e marciais, o estilo de jogo varia drasticamente: uma build focada em ataque rápido com leque defensivo é totalmente diferente de uma combinação de espada curta e artifícios tóxicos do Toad Style. A curva de aprendizado é acentuada, mas satisfatória para quem curte desafios táticos em tempo real.

Desempenho e gráficos

No PC, o jogo conta com opções de texturas em alta resolução, sombras dinâmicas e distância de visão ajustável, aproveitando núcleos extras de CPU para streaming de dados sem quedas perceptíveis. No Xbox Series X, a NetEase oferece modos desempenho (visando 60 fps) e qualidade (priorizando ray tracing em água e reflexos de metal). Testes em áreas densas de Kaifeng mostraram que a performance se mantém estável, mesmo quando dezenas de NPCs interagem e fogueiras acendem simultaneamente. A malha de iluminação global reproduz o crepitar das lanternas à noite, e o sistema de partículas para folhas movidas pelo vento intensifica a imersão. Já a trilha sonora, com aprimoramentos 3D Audio, cria espacialização ambiental que ajuda a perceber emboscadas vindas de arbustos ou de dentro de túneis. Alguns relatos de beta testers mencionam pequenos engasgos quando muita poeira voa em tela, mas as updates programadas prometem otimizar melhor o streaming de efeitos volumétricos.

Exploração e integração de sistemas

Para além de missões principais e secundárias, Where Winds Meet traz desafios ambientais: escalada livre em penhascos rochosos, deslocamento por ganchos e deslizes em telhados pendentes. A caverna que encontrei próxima a uma vila revela pinturas antigas e segredos de clãs desaparecidos, inventariados no bestiário conforme você coleta fragmentos de memória. O arco e flecha, influenciado por Breath of the Wild, não serve apenas para derrubar inimigos à distancia, mas também para queimar lianas bloqueando passagens ou disparar flechas de gelo que congelam mecanismos. Os portais rápidos aparecem como brasões de pedra que, ativados, viram pontos de viagem instantânea pela vasta China medieval. Conectando tudo isso, a reputação individual com NPCs (que chega a mais de mil perfis) abre diálogos exclusivos: um armeiro pode forjar lâminas raras se você ajudá-lo numa missão de escolta, enquanto um escriba revelará cartas secretas que guiam até um clã misterioso escondido nas montanhas.

Você já se perguntou como seria desvendar intrigas políticas entre senhores feudais montado em um cavalo branco, cortando bambuzais a toda velocidade? Ou como enfrentar chefes de clã que combinam acrobacias dignas de uma ópera chinesa com golpes devastadores?

Ao integrar mecânicas de exploração, combate e progressão em um só fluxo, o jogo consegue manter o ritmo intenso sem perder o charme narrativo. Quests de escolta, torneios de artes marciais e desafios de lógica baseados em runas antigas fazem parte de um grande pacote que promete horas de imersão. Além disso, o sistema de clãs permite que você migre entre escolas, experimentando artes distintas sem perder o progresso em nenhuma delas.

A sensação geral, após três horas de gameplay, é que Where Winds Meet reuniu o que há de melhor em open worlds dos últimos anos – de construção de mundo e side quests variadas a um combate robusto e cheio de nuances – e o fundiu com a tradição wuxia de forma natural. A cada habilidade aprendida, a cada rival derrotado, fica claro que dominamos não apenas arma ou magia, mas também filosofias de vida que dão sentido a cada passo no vasto império chinês do século X.

Por fim, mais que uma simples mescla de referências, Where Winds Meet oferece uma coesão rara: cada elemento, seja ele gráfico, mecânico ou narrativo, trabalha em sinergia para contar a história do herói errante. Se você curte shooters competitivos e jogos de ação em primeira pessoa pelo nível de precisão, prepare-se para testar sua agilidade de dedos em comandos rápidos; se prefere explorar mundos abertos em battles royales, vai se deliciar na sensação de liberdade e descoberta. Agora é com você: está pronto para conhecer os segredos que os ventos guardam?