A Epic Games liberou as ferramentas para que criadores de mapas e modos dentro de Fortnite vendam itens pagos — e isso já acendeu um monte de alerta entre a comunidade. A novidade não está ativa no jogo ainda, mas a empresa publicou as regras que vão nortear essas transações dentro das ilhas criadas por terceiros. E sim: existe risco real de isso virar um canal para loot boxes, algo que muita gente rejeita ou fiscaliza com lupa ao redor do mundo. Quem ganha com isso — e quem perde — são perguntas que todo jogador brasileiro deveria se fazer.
O que a Epic exige e onde é proibido
Epic deixou claro que criadores terão de seguir leis locais e uma série de restrições internas. “Além da sua responsabilidade de cumprir as leis, você deve cumprir certas restrições que se aplicam ao oferecer Itens Aleatórios Pagos,” escreveu a própria Epic Games em seu blog oficial. A empresa detalha que vendas com conteúdo aleatório precisarão divulgar as probabilidades de cada prêmio antes da compra — um exemplo dado pela Epic foi o das poções de vida com diferentes chances para 5, 10 ou 50 unidades. “Se você oferecer um pacote de poções que tem chance aleatória de conceder 5, 10 ou 50 poções, você deve divulgar as chances de cada resultado antes da compra,” informou a Epic Games.
Isso abre a porta para loot boxes nas ilhas criadas por terceiros. Mas nem tudo será liberado mundo afora: a venda de itens aleatórios foi completamente bloqueada em Singapura, Qatar, Austrália, Holanda e Bélgica — países que já taxaram fortemente loot boxes no passado. No Reino Unido (e no Brasil, a partir de março de 2026) esses itens aleatórios ficam proibidos para jogadores menores de 18 anos.
Outros países, muitos deles europeus, não poderão mostrar prompts diretos de compra (como “compre agora!”) para certos perfis de usuário: a lista inclui Áustria, Bélgica, Canadá (menores de 13), França (menores de 17) e uma série de países da UE. A Epic também trata de controles básicos para evitar que criadores façam itens que imitem de forma enganosa conteúdo oficial do Fortnite — uma tentativa óbvia de coibir golpes e confusão.
Grana: quanto os criadores ganham?
Epic está oferecendo uma fatia atraente: criadores vão receber 37% das vendas dentro dessas ilhas, com um incentivo temporário que dobra esse corte para 74% até 31 de dezembro de 2026. Creators vão receber 37% das vendas, temporariamente 74% por 12 meses. A Epic citou diretamente o rival Roblox ao comparar percentuais — lá, desenvolvedores ficam com 25% das receitas — e a oferta tem como objetivo atrair criadores para Fortnite.
Mas será que isso vai resolver o problema da confiança? Criadores migrando por dinheiro não significa automaticamente que vão seguir boas práticas. Quem fiscaliza a conformidade local? Como serão aplicadas penalidades? Essas são perguntas técnicas que ainda precisam de resposta — e que influenciam diretamente a experiência do jogador.
A decisão da Epic é ambiciosa e potencialmente lucrativa para criadores, mas também aumenta a complexidade regulatória e o risco de práticas predatórias dentro de modos personalizados. Como você se sente vendo jogos dentro de jogos com microtransações e chances por trás de um clique — preparado pra isso nas suas ilhas favoritas?