Call of Duty Black Ops 7 tem assets gerados por IA e Activision admite uso com menos transparência

Ativision admite uso de IA em Call of Duty: Black Ops 7, gerando debates sobre transparência e qualidade, enquanto comunidade questiona ativos gerados acidentalmente e espera correções rápidas.
Escrito por:
Lucas Amaral

A reação nas redes foi instantânea: jogadores brasileiros e gringos ficaram desconfiados ao ver vários calling cards de Call of Duty: Black Ops 7 com um estilo que lembra imagens geradas por IA — muitos apontaram para um visual tipo Studio Ghibli em algumas artes de campanha e recompensas finais. A pressão subiu tão rápido que a Activision precisou emitir um posicionamento, e a Steam do jogo ainda traz um aviso curtinho sobre o uso de ferramentas gerativas. O que isso significa para qualidade, transparência e para quem joga aqui no Brasil? Vamos destrinchar.

“Like so many around the world, we use a variety of digital tools, including AI tools, to empower and support our teams to create the best gaming experiences possible for our players. Our creative process continues to be led by the talented individuals in our studios.” — Activision

No geral, a declaração da Activision admite o uso de ferramentas digitais e de IA como suporte, mas evita dizer quais ativos ou em que grau essas ferramentas foram empregadas. Na página do jogo na Steam há também um aviso direto: “Our team uses generative AI tools to help develop some in game assets.” — Steam / Página do jogo Tradução livre: a equipe usa ferramentas generativas para ajudar a desenvolver alguns ativos do jogo. Curto, vago e que não apaga a sensação de falta de transparência quando a imagem é claramente diferente do estilo habitual do estúdio.

O contexto ajuda a entender a tensão: isso já aconteceu antes. Em fevereiro, a comunidade detectou elementos em Black Ops 6 que pareciam ter sido produzidos por IA — o tal “zombie Santa” acabou virando meme e gerando reclamação sobre qualidade. E em agosto, Miles Leslie, diretor criativo associado de Black Ops 7, tentou acalmar os ánimos com outra explicação técnica: “Vivemos num mundo agora, onde existem ferramentas de IA. Acho que nossa declaração oficial no ano passado, sobre Black Ops 6, é que tudo que vai para o jogo é tocado pela equipe 100%. Temos ferramentas generativas para ajudar, mas nada disso vai direto para o jogo.” — Miles Leslie

Mas Leslie foi além: “Se eu vou dizer ‘Sim, mas entrou.’ Eu digo que entrou por acidente. E isso nunca foi a intenção… usamos essas ferramentas para agilizar, não para substituir.” — Miles Leslie Traduzido: a linha oficial é que artistas humanos fazem o trabalho final, mas também admitiu a possibilidade de ativos gerados por IA terem chegado ao jogo sem intenção. Isso deixa um problema prático: como auditar e corrigir rapidamente itens que a comunidade identifica como problemáticos?

O problema não é a existência de ferramentas de IA, e sim quando ativos visivelmente gerados por IA acabam no jogo sem transparência. A discussão vira técnica quando analisamos pipeline de produção: prompts, modelos, supervisão humana e integração de assets. Quem gerencia isso? Qual o checklist antes de um asset ir ao ar? Esses pontos impactam direto na percepção de qualidade.

IGN perguntou por que imagens como o “zombie Santa” e outros assets gerados não tinham sido removidos ainda; Leslie respondeu que essa não é a área dele e que “a equipe está ativamente olhando isso”. A pergunta que fica é prática: se é algo que “estão vendo”, qual o cronograma de correção? Se isso foi realmente “acidental”, a comunicação precisa ser mais clara e as correções, mais rápidas.

Do ponto de vista do jogador aqui no Brasil, isso muda pouco a jogabilidade — Black Ops 7 está jogável e a campanha divide opiniões. “Uma experiência selvagem graças à amplitude ambiciosa, mas as grandes investidas nem sempre funcionam, deixando o jogo um passo desigual em relação ao ano passado.” — revisor do IGN Mas muda a percepção de valor: skins, calling cards e itens cosméticos fazem parte do DNA do jogo competitivo (e do mercado brasileiro de streamers e clãs). Transparência afeta confiança e, no final, a reputação de uma franquia que vive de comunidade e microinterações.

No fim das contas, a conversa é técnica e cultural: IA vai ficar, a pergunta é como os estúdios comunicam, regulam e corrigem seu uso. E você, o que acha — aceitamos IA como ferramenta de produção, ou queremos mais clareza sobre o que entra no jogo?