O trailer cinematográfico de Marathon — mais de oito minutos que servem como vitrine para o novo shooter de extração da Bungie — virou alvo de uma polêmica inesperada no Brasil e no mundo: o diretor Alberto Mielgo precisou sair do silêncio para garantir que o filme NÃO foi gerado por IA. O curta tem elenco de vozes como Elias Toufexis e Ben Starr, foi escrito e dirigido por Mielgo (criado de The Witness na Love, Death & Robots) e o próprio diretor é vencedor do Oscar por The Windshield Wiper (2022). A comunidade brasileira de gamers, desconfiada por natureza, logo começou a questionar se aquilo que parecia tão “limpo” e estilizado não teria sido fabricado por modelos generativos.
“Não acredito que chegamos ao ponto em que tenho de esclarecer isso, mas aqui vai: isto não é IA. TUDO que você vê neste filme: pinturas, animações, trabalhos 2D e 3D, composição e renderizações foram feitos por uma equipe enorme — 155 pessoas incríveis e um bocado de horas, dias, meses… Sim, nossa quina de Aquiles: tempo.” — Alberto Mielgo
A fala do diretor veio acompanhada de um outro posicionamento sobre a própria tecnologia: “Honestamente, não faço ideia do que penso sobre IA. Mas uma coisa é certa: IA nunca vai tirar minha (sua) vontade ou alegria de fazer arte e pintar.” — Alberto Mielgo É um recado direto: o trabalho artesanal ainda tem valor — e, convenhamos, quantos estúdios brasileiros conseguiriam bancar 155 meses-equipe numa produção assim?
155 meses de trabalho por uma equipe dedicada não é algo trivial — e isso precisa ser lembrado ao analisar vídeos que parecem mágicos demais. Com a qualidade gráfica subindo rapidamente, fica cada vez mais difícil diferenciar imagens geradas por IA de animação tradicional — especialmente quando não há obrigações legais para divulgar o uso de IA. Isso deixa o público (e nós, da comunidade gamer) na pista de tentar descobrir o quê é “real” e o quê é treinado por algoritmos.
O caso também lembra o aumento de deepfakes e o esforço de celebridades para conter imitadores — já houve reportagens dizendo que Keanu Reeves paga empresas para retirar imitadores do TikTok e Meta. No meio disso, Mielgo ainda comentou rapidamente uma controvérsia de plágio que envolveu Marathon e Bungie — ele teria respondido que o episódio foi exagerado, mas a resposta já foi deletada.
Marathon já tem desenvolvimento conturbado: o jogo saiu de uma data prevista para setembro de 2025 e foi empurrado para 2026 após ajustes nos playtests. A pressão é grande: a Destiny 2 vive altos e baixos, e a Sony reportou que a Bungie não atingiu metas, registrando um impairment de 200 milhões de dólares.
No fim, a discussão sobre o curta é um lembrete importante para estúdios e jogadores brasileiros: a tecnologia evolui, mas transparência e atribuição do trabalho humano importam. Você acha que a comunidade devia exigir selos de “feito com IA” nas produções? É uma conversa que vai além do hype — e que promete esquentar na cena dos jogos nos próximos anos.