Assassin’s Creed Shadows virou uma espécie de soft reboot para a franquia: sem seção jogável moderna, foco total no Japão feudal e uma narrativa pensada para atrair novos jogadores sem que precisem vasculhar wikis. Recentemente o time de desenvolvimento respondeu perguntas de fãs no Reddit sobre o futuro do moderno, o destino de tramas não resolvidas (oi, Basim) e até quais crossovers são considerados canônicos. O que ficou claro é que a Ubisoft quis resetar expectativas: Shadows reintroduz Assassinos e Templários com calma, evita sobrenaturalismo e deixa várias pontas soltas — propositalmente ou não.
Modern day e o novo Animus Hub
A grande novidade técnica/narrativa é o chamado Animus Hub: não é uma área jogável, mas uma nova forma de entregar conteúdo do “moderno”. “Com AC Shadows estamos colocando a primeira pedra de novos meios para entregar a storyline moderna com o Animus Hub,” escreveu o diretor de level design Luc Plante. Em prática, os jogadores desbloqueiam logs de texto que contam pedaços de uma nova história ambientada algumas décadas à frente — ou seja, tecnicamente não é o “presente” como conhecíamos antes.
Isso traz vantagens narrativas óbvias: permite que tramas antigas não precisem ser amarradas agora, e cria espaço para reescrever como e quando vamos revisitar personagens. Você sente que a Ubisoft colocou um guarda-chuva sobre a cronologia moderna para poder reconstruir aos poucos? É uma jogada inteligente para evitar contradições e dar tempo ao estúdio de testar formatos narrativos. Shadows troca a caça por artefatos Isu por uma narrativa mais ‘pé no chão’ no Japão feudal.
Do ponto de vista de design, isso também abre portas para conteúdo episódico ou hubs interativos que conectem diferentes jogos sem precisar forçar uma sequência linear — algo que fãs hardcore do moderno vão questionar, mas que pode ser mais acessível para novos jogadores. Ainda assim, Plante deixou claro que o sistema é só o começo: a equipe está ouvindo feedbacks.
Basim, os Isu e o que é canon
Uma pergunta que não sai da cabeça da comunidade: e o Basim? Ele foi figura central em Valhalla e teve sua origem explorada em Mirage, que ainda deixou um pós-créditos meio sugestivo. Plante afirmou que Shadows introduz novos personagens complexos e que não haveria espaço suficiente para dar mais spotlight a Basim agora. Resultado: parece improvável que o arco dele seja retomado dentro de Shadows — pelo menos nesta fase.
Há rumores de que a Ubisoft poderia produzir conteúdo adicional para Mirage (reportado por um jornal francês) graças a um investimento vindo do Public Investment Fund da Arábia Saudita; caso isso se confirme, talvez seja aí que amarrem o fio do Basim. Ou será que preferem deixar algumas respostas no limbo por tempo indeterminado?
Quanto aos Isu, a franquia optou por reduzir o tom sobrenatural. “A lore de Assassin’s Creed é muito complexa e continua se expandindo enquanto criamos novos jogos,” disse Luc Plante, explicando que não estão retconando o passado, apenas não mencionam tudo em cada jogo se isso não sustenta a narrativa atual. E complementou: “Similarmente, o fato de não haver um artefato Isu no jogo principal de Shadows não significa que ele não exista no mundo de Shadows.” Em outras palavras: os Isu podem continuar no lore sem aparecer na tela.
Sobre crossovers: o conteúdo desbloqueável de Dead by Daylight foi confirmado por Plante como “não canônico para a história de Shadows”, enquanto o crossover com Critical Role que introduz Rufino é canônico e alinhado aos temas do jogo. Isso deixa claro que a Ubisoft vai misturar iniciativas mercadológicas com decisões narrativas cuidadosas — algumas coisas entram na lore oficial; outras ficam como extra.
A próxima grande etapa é a expansão Claws of Awaji, prevista para 16 de setembro. Ela traz uma nova região e promete estender o final atual com mais história para Naoe e Yasuke — e, quem sabe, alguma referência perdida aos Isu. Não ver os Isu em tela não significa que eles deixaram de existir no universo — foi escolha narrativa.
No fim das contas, Shadows é um experimento de reconstrução: menos ênfase em sci-fi explícito, mais foco histórico, e uma nova infraestrutura para dosar o moderno. A pergunta agora é se essa abordagem vai agradar a base leal que quer respostas imediatas, ou se a Ubisoft consegue usar o Animus Hub para reintroduzir o moderno de forma mais limpa e escalável. Você prefere que a franquia amarre tudo de uma vez ou que vá reintroduzindo o moderno aos poucos, episódio por episódio? Talvez essa seja a aposta mais ousada da Ubisoft desde que o fio do Animus começou a se enrolar.