Borderlands já virou sinônimo de looter shooter: arte em cel-shading, humor ácido, e uma pilha quase infinita de armas que vira vício imediato. Desde que a franquia explodiu no fim dos anos 2000, ela cresceu além dos jogos — quadrinhos, romances e até um boardgame — e agora fez a transição para o cinema com o filme dirigido por Eli Roth. Curtiu o longa? Mesmo com críticas mistas, ele reacende a curiosidade sobre os jogos. Se você sai do cinema querendo revisitar Pandora ou só quer começar do zero, aqui vai um guia prático e técnico sobre a ordem cronológica da série, como abordar os títulos por lançamento e o que cada jogo entrega em termos de jogabilidade, gráficos e desempenho. Eu sou Lucas Amaral, fã de shooters competitivos, e vou direto ao ponto: onde começar, o que pular (ou não) e o que esperar em termos de mecânica e evolução da série.
Onde começar? Origens e recomendações
Se você quer a experiência narrativa completa e seguir a evolução cronológica da história, comece por Borderlands (2009). É o jeito mais linear de acompanhar o arco dos personagens e entender as motivações que se desdobram nos jogos seguintes. Agora, se sua prioridade é o *gameplay* puro — farm, builds e gunplay — qualquer jogo principal (tirando talvez o terceiro, se você preferir algo menos polido em termos de conteúdo na estreia) serve como ponto de entrada. E se joga no PC ou no meu Xbox Series X, saiba que todos os principais estão disponíveis em plataformas modernas, então acesso não é desculpa.
Começar pelo primeiro jogo entrega a progressão narrativa como foi pensada; pular direto para Borderlands 2 faz muito sentido se o que você quer é combate e variedade de armas desde o início.
Vale mencionar rapidamente: se estiver interessado em comprar tudo de uma vez, bundles e promoções aparecem com frequência — numa dessas vezes a Humble Bundle reuniu os títulos para PC, então fique de olho.
Ordem cronológica de todos os jogos canônicos
Abaixo segue a ordem cronológica dentro do universo, acompanhada de uma análise técnica e de jogo de cada entrada. Contêm leves spoilers sobre personagens e eventos.
1) Borderlands (2009)
O jogo que plantou a ideia: quatro Vault Hunters (Lilith, Brick, Roland e Mordecai) chegam a Pandora atrás de um “Vault” lendário. Em termos de mecânica, é onde nasce o loop básico do gênero: matar inimigos, pegar loot procedural gerado, ajustar builds e repetir. O arsenal é notório pelo algoritmo de geração — combina prefixos e sufixos que afetam dano, recuo, cadência, elementos, e efeitos especiais. Isso criou a sensação de “uma arma única” com propriedades raras, algo que definiria a série. Graficamente, o cel-shading esconde limitações técnicas da época e ajuda o game a envelhecer melhor visualmente. Em multiplayer local ou online o jogo brilha, mas note que os controles e balanceamento dos inimigos são mais primitivos comparados às sequências. As DLCs expandiram o conteúdo com temas que variaram de zumbis a arenas estilo Thunderdome, servindo bem para testar builds alternativas.
2) Borderlands: The Pre-Sequel (2014)
Desenvolvido pela 2K Australia, este título se passa entre Borderlands 1 e 2, na lua Elpis. Introduz mecânicas que mudam o ritmo do combate: gravidade reduzida, permitindo combates verticais; oxigenação como recurso; e um foco maior em habilidades de movimento. Serve, narrativamente, para mostrar a ascensão de Handsome Jack — essencial se você curte entender anti-heróis complexos. Tecnicamente, tem uma mistura de elementos de BL1 e BL2; o design de armas expande o leque de efeitos, mas o jogo é criticado por problemas em equilíbrio e por não ter a mesma polidez do time principal. As DLCs adicionaram modos e personagens jogáveis extras, incluindo Claptrap com uma campanha excêntrica.
3) Borderlands 2 (2012)
Considerado por muitos o ápice da franquia em termos de narrativa e design de encontros. Aqui Handsome Jack se estabelece como uma das vilãs mais carismáticas do gênero — sua presença muda a urgência da campanha. A progressão de classes evoluiu: habilidades e árvores de talentos ganharam mais ramificações e especializações, permitindo builds mais distintas. O loot ficou mais abundante e interessante, com armas lendárias que mudaram a forma de jogar; e o design dos bosses é, em geral, memorável. Em performance, BL2 rodava bem na época e continua competente em versões remasterizadas, mas exige atenção em coop e sincronização de loot quando jogado em equipe. Expansões transformaram o jogo em algo quase infinito para quem gosta de grind: novas zonas, chefes e missões com filosofia de design voltada para variedade.
4) Tales From The Borderlands (2014–2015)
Um spin-off narrativo da Telltale que sai do core shooter e entra no adventure episódico. O foco aqui é história, personagens e escolhas que afetam o enredo — menos tiro, mais diálogo e QTEs. Canônico, esse título trouxe personagens novos que reaparecem em jogos posteriores, e serviu para explorar o tom cômico e por vezes sentimental do universo. Tecnicamente, não é exigente e é ótimo para quem quer entender o lore sem o compromisso de grind.
5) Tiny Tina’s Wonderlands (2022)
Um experimento bem-sucedido: transporta a fórmula Borderlands para um cenário de fantasia sob a DM imprevisível que é Tiny Tina. A jogabilidade mantém o DNA: armas, classes, habilidades, e loot procedural — só que agora com armas mágicas, feitiços e um mapa de mundo que organiza as missões. Isso mostra a flexibilidade do motor de jogo e do design de loot: o sistema se adapta sem perder identidade. Para quem curte construção de builds, Wonderlands amplia opções com “feitiços” e mecânicas que lembram mesas de RPG. Visualmente mais polido, o jogo aproveita efeitos de partículas e design de boss mais elaborado. As DLCs seguem a tradição de adicionar conteúdos robustos.
6) Borderlands 3 (2019)
Décadas de desenvolvimento depois do segundo jogo, BL3 modernizou o motor gráfico e o fluxo de jogo. Introduziu personagens jogáveis novos com habilidades singulares (Amara, FL4K, Zane, Moze) e expandiu a escala: viagem entre planetas, variação de ambientes e encontros maiores. O loot foi replicado num volume ainda maior, com armas exóticas e quirks que alteram profundamente o gameplay. Porém, BL3 também recebeu críticas: questões de balanceamento, escolhas de design que priorizaram quantidade sobre qualidade em alguns arcos de conteúdo e problemas técnicos em algumas plataformas no lançamento. Ainda assim, como shooter, é robusto e satisfatório — especialmente em coop. As expansões trouxeram campanhas inteiras, resgatando conteúdos que ficaram fora do corte inicial.
7) New Tales From The Borderlands (2022)
Seguindo a linha narrativa das aventuras episódicas, esse título traz novos protagonistas (Anu, Octavio e Fran) e foca novamente em decisões influenciadas pelo jogador. Tecnicamente, é uma versão atualizada do formato, com diálogos mais dinâmicos e QTEs modernizados. Foi importante porque mantém a narrativa episódica viva dentro do cânone, e porque ilustra como a franquia pode alternar entre focos: bancos de dados de armas e otimismo por loot extremo, e histórias mais íntimas e humanas.
8) Borderlands 4 (2025)
O mais recente, lançado em 12 de setembro para PS5 e Xbox Series X|S (versão para Switch 2 prevista para outubro). Continua a narrativa após BL3, numa nova jornada pelo planeta Kairos. Gameplay e técnica evoluíram: otimização para hardware de nova geração, melhorias no netcode para coop e sistemas de loot que tentam reduzir ruído (mais itens verdadeiramente significativos e menos variações sem objetivo). Ainda que o lançamento tenha sido geralmente bem recebido, houve relatos de problemas de performance em algumas plataformas — não é incomum em jogos AAA com ambição técnica tão alta. Sobre o futuro da franquia, “vemos muitas ‘oportunidades de crescimento’ para o IP” — Strauss Zelnick (Take-Two), o que indica que Borderlands está longe de parar.
Borderlands é, acima de tudo, um estudo sobre como um sistema de loot bem projetado sustenta uma franquia por anos; a forma como armas, classes e encontros interagem é o que mantém o jogo relevante.
Como jogar: ordem cronológica vs ordem de lançamento
Você pode abordar a série de duas maneiras: cronológica (narrativa) ou por ordem de lançamento (evolução técnica). A ordem cronológica permite entender arcos e motivações — ideal para fãs de história e continuidade. Já a ordem de lançamento mostra a evolução do motor, dos sistemas e das práticas de design: como o loot foi ajustado, como o netcode melhorou e como o pipeline artístico refinou o cel-shading para aproveitar hardware moderno. Eu, como player focado em desempenho e mecânica, recomendo começar pelo 1 se quiser sentir a jornada completa; mas se o objetivo é pular direto para o melhor em termos de jogabilidade moderna, Borderlands 2 e 3 (dependendo do que você prioriza) são ótimos pontos de entrada.
Ordem cronológica (resumida): Borderlands → The Pre-Sequel → Borderlands 2 → Tales From The Borderlands → Tiny Tina’s Wonderlands → Borderlands 3 → New Tales From The Borderlands → Borderlands 4.
Ordem de lançamento (resumida): Borderlands (2009) → Borderlands 2 (2012) → Tales From The Borderlands (2014) → Borderlands: The Pre-Sequel (2014) → Tiny Tina’s Wonderlands (2022) → Borderlands 3 (2019) → New Tales From The Borderlands (2022) → Borderlands 4 (2025).
Percebeu a diferença? Quer entender a progressão técnica ou a linha do tempo dos personagens?
Quantos jogos existem e o que é canônico?
No total, há atualmente sete jogos canônicos na série principal e spin-offs que são parte do cânone: os principais (Borderlands 1–4, com prequela e spin-offs que se encaixam), além de dois títulos menores não canônicos: Vault Hunter Pinball e Borderlands Legends. Spin-offs narrativos como Tales From The Borderlands e New Tales são parte do cânone e até trouxeram personagens reutilizados em títulos principais, então recomendo jogá-los se você quer uma experiência completa.
Performance, gráficos e evolução técnica — um olhar de jogador técnico
Se você se preocupa com desempenho (e deveria, se joga competitivo ou coop pesado), há pontos a observar: a série nasceu em hardware mais limitado, então o visual estilizado é tanto estética quanto otimização. Com o passar dos anos, Gearbox adaptou o motor — melhor física, shaders mais eficientes e suporte nativo a resoluções e taxas de quadros em máquinas modernas. BL3 e BL4 demonstram avanços em streaming de mundo, partículas e distância de draw, porém onde há ganhos visuais também surgem bugs e problemas de sincronização em multiplayer massivo. Em consoles de nova geração, priorize o modo desempenho se quer 60 FPS estáveis; no PC, ajuste LODs, sombras e densidade de partículas para equilibrar visual/produção de frames. Se joga no Xbox Series X, PS5 ou PC, as diferenças ficam claras nas taxas de atualização e tempo de carregamento.
Quer um conselho prático? Em coop, se alguém com hardware fraco entrar, prepare-se para quedas de desempenho no host. Use sempre o host com hardware mais robusto para sessões online longas.
O que esperar do futuro (e do que a Take-Two planeja)
Com a aquisição da Gearbox pela Take-Two, a aposta no IP foi publicamente destacada. “A empresa vê muitas oportunidades de crescimento potenciais para a propriedade intelectual” — Strauss Zelnick, CEO da Take-Two. Isso sugere investimentos não apenas em jogos, mas em mídia transmedia (filmes, séries, produtos). Em termos práticos para jogadores, isso pode significar mais títulos, remasters, conteúdo live-service e possivelmente integração multissérie entre jogos e narratives em outras mídias. Como sempre, riscos e oportunidades andam lado a lado: mais conteúdo pode trazer fragmentação em qualidade, então cabe à comunidade e às vendas mostrar o que quer.
Agora: e Randy Pitchford? Ele frequentemente comenta sobre o estado da Gearbox e da franquia nas redes, então se você busca contexto sobre decisões de design ou problemas técnicos, vale acompanhar pronunciamentos oficiais e entrevistas.
Para jogadores que exigem estabilidade em multiplayer e experiências ricas em loot, o caminho é acompanhar patches e notas de atualização nos primeiros meses pós-lançamento — é quando correções críticas chegam para resolver *stuttering*, crashes e problemas de matchmaking.
Terminei com uma pergunta: pretende revisitar cada título na ordem cronológica ou vai direto ao que parece mais divertido agora? Independentemente do caminho, Borderlands é uma aula de como um sistema de loot e um tom narrativo consistente podem sustentar uma franquia por décadas, variando de jogos de tiro puros a aventuras narrativas episódicas, e até RPGs de fantasia no mesmo universo. Se a sua prioridade é mecânica e performance, dê preferência pelos títulos mais recentes e ajuste as configurações; se é lore, faça o passeio completo. Seja qual for a rota, prepare o estoque de munição, ajuste sua build e boa caçada por loot — Pandora está sempre cheia de surpresas.