A primeira edição do Circuit X terminou com mistura de elogios técnicos e reclamações que pegaram pesado do público — uma combinação curiosa: PCs que funcionaram bem, mas experiência presencial que ficou devendo. A organizadora divulgou uma nota oficial reconhecendo os acertos para os times e os problemas na experiência dos torcedores, prometendo correções e uma próxima edição em São Paulo com upgrade na estrutura.
“Encerramos oficialmente a primeira edição da Circuit X com o sentimento de dever cumprido… Durante todos os dias de campeonato, não tivemos grandes problemas técnicos, os computadores entregaram desempenho excepcional e os horários foram seguidos.” — Organizadora do Circuit X. A declaração segue com reconhecimento do erro: a gestão de ingressos falhou, já que o Hard Rock vendeu entradas com valores não autorizados, contrariando o combinado, e tentativas de correção durante o evento não foram suficientes.
Do ponto de vista competitivo, a avaliação é clara: a infraestrutura de máquinas e a fluidez dos jogos funcionaram bem — algo que eu, como alguém que presta atenção nos detalhes de performance, valorizo demais. Afinal, quantas vezes um evento promete máquinas potentes e cumpre? No entanto, essa excelência técnica para os times não se traduziu automaticamente numa boa experiência para o público pagante.
Os problemas principais foram na segmentação e entrega do produto para quem assistia ao vivo:
– Ingresso Ouro (R$ 400): era o mais caro e, inicialmente, não teve transmissão exclusiva para a área; os torcedores não conseguiam acompanhar as partidas como deveria. Isso foi parcialmente resolvido a partir do terceiro dia, mas a falha inicial gerou desgaste.
– Ingresso Prata: público nesta categoria sofreu com transmissão no telão competindo contra som ao vivo do Hard Rock — imagina tentar acompanhar um round decisivo com música alta ao fundo?
– Ingresso Bronze (R$ 100): pagantes ficaram na mesma área que o público comum do bar, sem diferenciação de espaço ou experiência — ou seja, quem gastou R$ 100 teve pouco benefício sobre quem pagou apenas o couvert artístico.
Os computadores entregaram desempenho excepcional. Mas desempenho interno não compensa uma experiência de público mal desenhada. A lição aqui é óbvia: separação clara de áreas, controle rígido de ingressos e integração com o parceiro do espaço (no caso, o Hard Rock) são tão essenciais quanto a especificação das máquinas.
Do ponto de vista operacional, faltou contrato operacional mais claro e fiscalização do que estava sendo vendido ao público. Quando um estabelecimento comercializa tíquetes a preços não acordados, a percepção de desorganização cresce rapidamente — e a credibilidade do evento sofre. Além disso, a logística de transmissão para áreas pagantes deveria ter sido testada com antecedência para evitar dependência de soluções improvisadas no calor da competição.
O comunicado da Circuit X garante aprendizado e anuncia upgrades em máquinas e estrutura para São Paulo. Isso é promissor, mas vão precisar de mais do que hardware: controles de acesso digitalizados, sinalização, equipe dedicada ao público e um plano de contingência com o local parceiro são medidas práticas que deveriam estar no topo da lista de prioridades. Você concorda que é melhor investir em controle de experiência do fã do que só em GPU e CPU?
A organização também agradeceu equipes, torcedores e parceiros, e afirmou que o evento está apenas começando a escrever sua história no cenário competitivo. Se a intenção é crescer, entregar consistência técnica e experiência de público alinhadas será o diferencial. O Circuit X mostrou que sabe montar um ambiente de jogo sólido para os participantes — agora falta transformar essa solidez em espetáculo bem gerenciado para quem paga para assistir ao vivo. O próximo passo é ver isso aplicado na prática em São Paulo.