Demon Slayer –Kimetsu no Yaiba– The Hinokami Chronicles 2: Análise Completa do Retorno das Lâminas

Lucas Amaral aqui de novo, trazendo aquele olhar técnico afiado e uma pitada de humor para destrinchar Demon Slayer –Kimetsu no Yaiba– The Hinokami Chronicles 2. Você já imaginou revisitar um jogo quatro anos depois, com a bagagem de 25 análises na bagagem? Pois é, parece que o tempo voou, mas a fagulha de empolgação continua a mesma. Se o primeiro episódio já incendiou as lâminas, esta sequência acende novas chamas para quem curte gráficos detalhados, jogabilidade afiada e sistemas que entregam profundidade sem complicar demais.

Retomando a história

A narrativa continua logo após o Mugen Train Arc, com Tanjiro e Nezuko seguindo firme em busca de vingança e redenção. Quem está chegando agora vai receber um resumão de leve através de breves narrações entre as cenas, mas não se engane: o jogo espera que você já conheça os trâmites básicos do enredo. Afinal, é uma sequência — não um reboot para quem caiu de paraquedas. Se você quiser relembrar a jornada inicial, existe o modo Path of the Demon Slayer, porém, ele é curtinho e vai direto ao ponto em seis combates um-contra-um.

Path of the Demon Slayer: um refresco rápido

Este modo é como um trailer condensado do primeiro título, ideal para matar a saudade ou recuperar a memória antes de mergulhar no novo conteúdo. Nem todo grande duelo retorna, e os chefões que aparecem são versões “versus” adaptadas, quase partidas rápidas contra a CPU. Dá pra concluir tudo em meia hora, mas não espere o mesmo impacto cinematográfico dos combates contra criaturas gigantes ou batalhas 3v1 que marcaram o jogo anterior. Ainda assim, é melhor do que nada, servindo como um aquecimento rápido.

O grosso está na Story Mode

Para a maioria, o filé mignon é o Story Mode, que cobre os Arcos do Entertainment District, do Swordsmith Village e do Hashira Training. Algumas cenas são meio exageradas no tom dramático — Zenitsu gritando mais do que um locutor de leilão e Tanjiro exibindo todo o seu altruísmo brega —, mas tudo funciona dentro da lógica de um anime. Você passa de cutscene em cutscene, então vale preparar um lanche, porque o ritmo é intenso. As sequências são tão bem animadas que até quem não é fã hardcore de Demon Slayer vai ficar boquiaberto.

Você vai morrer de rir com as tiradas do Zenitsu e ainda vai se emocionar quando o estilo Hinokami flamejar na tela.

Explorando cada canto

Entre as cenas cinematográficas, você controla Tanjiro em ambientes abertos ou em corredores mais lineares. Ative o “Demon Vision”, que funciona como um detector hipernatural, e siga o trilho que indica pontos de interesse: pistas, itens ou demônios escondidos. Pelo caminho, recolha Memory Fragments — pequenos filmes que misturam ilustrações e falas originais do anime — e Kimetsu Points, usados para desbloquear personagens, vozes de sistema, roupas alternativas, quotes para o chat, artes conceituais e até faixas da trilha sonora. É aquele tipo de profundidade que faz o mundo parecer vivo e cheio de referências para fãs de carteirinha.

Missões paralelas e minijogos

Para quebrar a monotonia da exploração, o game introduz side quests divertidas: ajudar um criado tímido a declarar seu amor, proteger vilarejos de invasões demoníacas ou se juntar a um Hashira em embates especiais. E tem até uma versão “Demon Slayer do Guitar Hero”, onde você aperta botões no ritmo da música. Esses momentos são rápidos mas aliviantes, servindo como um respiro antes de partir para o próximo confronto épico.

Batalhas de tirar o fôlego

Quando o assunto é duelar contra demônios, The Hinokami Chronicles 2 não decepciona. Seja contra parceiros de elenco ou monstros exóticos — peixe-demoníaco gigante, demônio de faixas vivas, brigas 3×1 insanas — cada encontro é uma aula de design de combate. Mesmo chefes repetidos, como Daki e Gyutaro, trazem variações: personagens diferentes, condições especiais (veneno, baixa vida, cenas alternativas) e visuais inéditos. Cada luta principal culmina num Final Clash cinematográfico, uma sequência de QTE que mantém o clima épico do anime.

Sistema de combate: simples, mas robusto

A base segue a fórmula conhecida: um botão para ataques leves, outro para especiais, que ganham variações ao pressionar direções junto ao stick. Existem três combos únicos — lançamento, manutenção de inimigo no chão e knockdown — além de agarrões, dash para estender sequências, Ultimate Arts, golpe pesado e duas habilidades de buff: Boost (potencializa ataques e abre combo extra) e Surge (mete tudo a zero e dá barra ilimitada por um tempo). Parece simples, mas quem curte mecânica profunda vai encontrar espaço para dominar Quick Dodge, parries avançados e construire sequências devastadoras.

O combate é tão fluido que parece uma dança sincronizada entre lâminas e técnicas sobrenaturais.

Pequenas melhorias, grande impacto

Dois ajustes merecem destaque: os ataques pesados saíram do pressionar direcional + ataque e agora usam guard + ataque, evitando toques acidentais que atrapalham a estratégia. Além disso, o medidor de combo não derruba mais a sequência no meio de golpes múltiplos, eliminando interrupções frustrantes. Essas mudanças são sutis, mas mostram que a CyberConnect2 ouviu o feedback dos jogadores e poliu pontos críticos sem mexer na essência.

Duplas, assistências e sinergias

O jogo brilha como tag fighter: em batalhas 2×2, você chama seu parceiro para assistências parciais (gasta metade do medidor) ou para um salva-vidas completo (barra cheia). A troca de personagem é livre, desde que você tenha medidor, e a barra é compartilhada entre ambos, então você nunca fica isolado. Alguns personagens, como Nezuko Demon Form, são tão poderosos que não recebem assistências, enquanto equipes específicas — Hinatsuru, Makio e Suma — vêm prontinhas, desbloqueando movimentos dual ultimate exclusivos. Pronto pra combinar Tanjirō e Nezuko de novo e sentir o peso da história?

Hashira Training e sistemas extras

Quando a campanha principal acabar, entra em cena o modo Hashira Training, um roguelike de tábuleiro em que você escolhe caminhos, luta sob condições especiais (trocar de personagem, manter certa vida etc.) e coleta buffs ou itens de cura. O objetivo é chegar até o Hashira em destaque e derrotá-lo. Além disso, há o modo Archive, que guarda todos os desbloqueáveis, e o Character Mastery, que te faz repetir desafios para ganhar ainda mais prêmios. Agora, vamos falar de um ponto polêmico: o gear. Você pode equipar até três peças em slots específicos para ganhar bônus em combate — ataque, recuperação de vida, buffs sob certas condições. É um sistema supérfluo para quem só quer trocar porrada — mais um menu pra catar antes de jogar.

Versus, online e longevidade

Felizmente, no versus local e online você pode desligar o gear e manter as lutas “puras”. Tem também practice mode para treinar combos, endurance para testar sua resistência contra ondas de inimigos, e um roster que saltou de 18 para mais de 40 personagens — um upgrade gigantesco. A variedade multiplicou a diversão e, mesmo sem ter testado o online pré-lançamento, confio na estabilidade: no primeiro game as partidas cross-country rodaram redondas.

Ponto fraco? Tutorial capenga. As dicas textuais são poucas e não explicam sequer comandos básicos, como parry. Em um jogo de arena com tantas nuances, falta um modo guiado que ensine cada técnica passo a passo. É aquele momento em que você pensa: “Poxa, deviam ter caprichado mais aqui”.

E no fim das contas, o que nos resta é uma experiência robusta, repleta de conteúdo e recheada de polimentos certeiros. Demon Slayer –Kimetsu no Yaiba– The Hinokami Chronicles 2 pega tudo de bom do primeiro, expande o universo e ajusta as arestas que incomodavam, entregando um pacote completo para quem busca ação frenética, visuais de cair o queixo e uma comunidade pronta para duelar. Pronto para empunhar sua lâmina e desafiar o mundo demoníaco mais uma vez?