O terceiro dia da IEM Chengdu foi amargo para o fã brasileiro: FURIA, já classificada aos playoffs, desperdiçou a chance de avançar direto para a semifinal ao perder para a MOUZ, e a paiN foi eliminada em virada dura pela The MongolZ. O nível competitivo esteve alto, mas faltou consistência nos momentos decisivos — seja na defesa de vantagem ou na leitura tática dos finais de mapa. Como um time que poupa desgaste antes das fases finais não pode vacilar justamente quando a vaga direta está em jogo?
FURIA 1–2 MOUZ — Inferno 2-13, Overpass 13-11, Train 14-16
A série mostrou uma FURIA com picos individuais, mas sem a solidez coletiva necessária. Kaike “KSCERATO” Cerato foi o destaque óbvio: 57-40, +17, ADR 84.3, KAST 78.3% e rating 1.31 — o cara carregou rounds importantes e foi responsável por abrir espaços. Ainda assim, o time caiu em Inferno por 2-13 numa exibição que foi basicamente perdida cedo e sem reação. No outro lado, MOUZ teve Spinx com números astronômicos (57-43, +14, ADR 83.7, rating 1.28) e xertioN bem consistente, o que equilibrou a disputa.
A dinâmica dos mapas revelou o problema da FURIA: muita dependência de entradas individuais e menos controle de economia e mapas após sofrer o primeiro baque. Perder 2-13 no primeiro mapa é um golpe duro contra qualquer plano de jogo para uma série BO3. Overpass deu sobrevida, com 13-11, onde KSCERATO apareceu novamente, mas no Train os detalhes decidiram — rounds apertados, execuções micro e rounds de pistola que definiram o 14-16. No agregado, FalleN teve uma performance abaixo do esperado (30-51, -21, rating 0.66), e isso cobra preço quando o treinador e AWPer não conseguem ditar ritmo.
The MongolZ 2–1 paiN — Nuke 13-9, Ancient 6-13, Inferno 16-13
Na outra chave, a paiN mostrou força e fraqueza no mesmo pacote. No primeiro mapa, Nuke foi controlado e snow liderou (55-46, +9, ADR 78.4, rating 1.18). No segundo, paiN respondeu com autoridade em Ancient. Mas no Inferno, depois de abrir 7-0, o time brasileiro deixou a The MongolZ virar e fechou em 16-13 contra eles. Começar 7-0 e terminar eliminado é uma falha de fechar rounds e de adaptação tática no mid/late game. Onde faltou ajuste: rotações, util grenades usadas no timing certo e, principalmente, quebra de momentum do adversário.
Do lado Mongol, Unudelger “controlez” Baasanjargal foi crucial (50-47, +3, ADR 86.6, rating 1.24), e o coletivo teve melhor sincronização nos rounds de recuperação. Para a paiN, além do bom desempenho de snow, Rodrigo “biguzera” Bittencourt viveu jogo difícil (31-55, -24), e isso comprometeu as opções no 1vX e nas entradas frontais.
Outros pontos do dia e contexto
Vitality garantiu vaga nas quartas ao bater a G2 — a tabela do torneio segue apertada e hoje tem decisões principais a partir das 8h15, quando duas vagas do Grupo A serão definidas. Astralis e Falcons, já classificados, medem forças para ver quem pega a trilha direta à semi; na chave inferior, Spirit encara The MongolZ pela última vaga nas quartas. O calendário segue implacável: pequenas margens e um round mal jogado custam cara nesta fase.
A eliminação da paiN rende US$ 25 mil (aprox. R$ 135 mil) e, para o torcedor, fica o gosto de “e se?” — e para a equipe, a necessidade de correções rápidas antes da próxima parada: a BLAST Rivals em Hong Kong, já na próxima semana. Dá para recuperar a moral ou faltou confiança competitiva para os jogadores aguentarem a pressão? A resposta terá que vir na prática, com ajustes de utilitário, comunicação e talvez pequenas mudanças de estratégia de lado.