Hell Clock chegou num ponto interessante: um ARPG com pegada roguelike que não pede centenas de horas de grind para entregar aquela sensação de “meu personagem é uma máquina de matar”. O Patch 1.1 — Clockmaker’s Tools — é a maior atualização do jogo até agora e traz um sistema de crafting que muda como você pensa suas runs e sua progressão. Se você curte construir builds meticulosos, testar limites de dano e controlar o risco versus recompensa, essa atualização merece atenção máxima.
O que o Patch 1.1 adiciona de verdade
O núcleo da atualização é a introdução das Clockmaker’s Tools: um conjunto de ferramentas que permitem modificar affixes de Relics, adicionar Imbuements ou até corromper itens com efeitos imprevisíveis. Em ARPGs clássicos como Diablo ou Path of Exile você já sabe o valor de poder rerrolar ou chorar por um drop perfeito — aqui você tem mecânicas para assumir mais controle sobre isso sem destruir o componente roguelike.
Lista prática das ferramentas e efeitos:
– Tool of Tinkering: randomiza 1 affix primário ou secundário do Relic. Use para rerolar modificadores indesejados.
– Tool of Enhancement: transforma um Relic Comum em Mágico.
– Tool of Greater Enhancement: transforma um Relic Mágico em Raro e adiciona um affix Raro novo.
– Tool of Locksmithing: “tranca” um affix primário ou secundário, impedindo que outras ferramentas o alterem.
– Imbued Tool of Fury: adiciona um implícito imbuiu relacionado a dano Corpo a Corpo, Físico, Fogo e Vida.
– Imbued Tool of Faith: adiciona implícitos de Relâmpago, Mana e poder de Feitiço.
– Imbued Tool of Discipline: adiciona implícitos para dano de Peste, habilidades de Atirador e Projéteis.
– A regra: itens só podem ter 1 implícito imbuído por vez.
– The Divine Tool: randomiza valores numéricos dos modificadores com chance de ultrapassar o máximo normal.
– A Corrupted Tool: altera seu Relic de forma imprevisível — pode randomizar affixes, adicionar um implícito corrompido bem forte, ou simplesmente não fazer nada.
Essas ferramentas mudam a dinâmica de como você lida com Relics. Antes, o Relic “bom” era quase exclusivamente resultado de drop aleatório ou conquista de runs; agora, você pode modular, especializar e até arriscar uma corrupção para conseguir algo único. Quer um boost de dano elétrico sem trocar o resto do build? O Imbued Tool of Faith resolve. Quer “forçar” um affix raro? Tool of Greater Enhancement. É um sistema com camadas de decisão: grindar mais runs para reunir tools? Arriscar um corruption numa relíquia que já carrega quase seu build? Ou travar seus affixes com Locksmithing antes de usar a Divine Tool?
O crafting adiciona profundidade estratégica sem transformar tudo em min-max matemático puro. Mas isso não significa que não haja risco — o Corrupted Tool é literalmente isso: imprevisibilidade.
Balance rework e progressão mais suave
Junto com as ferramentas, o patch traz um rework completo de balanceamento pensando em progressão mais fluida e maior viabilidade geral das builds. O objetivo é evitar picos de dificuldade onde uma run depende exclusivamente de um drop milagroso. As mudanças cobrem dano base de skills, escalamento por atributos, e como Relics e Blessings interagem para evitar combinações “destruidoras” ou runs excessivamente punitivas.
Para quem gosta de detalhes técnicos: espere ajustes de multiplicadores de habilidade, revisões nas curvas de ganho de atributos, e maior sinergia entre Blessings e Relics para que builds focadas em mecânicas específicas (por exemplo, projéteis que aplicam peste) tenham caminhos confiáveis de progressão sem depender só de RNG.
Metaprogessão e o que importa agora
Se você vem do universo ARPG, sabe que além da run em si há camadas permanentes: Skills, Blessings, Gear, Passivas, Relics e Constellations. Hell Clock mantém isso e o Patch 1.1 reforça o papel dos Relics como peça central da metaprogessão — especialmente porque agora você pode craftar e manipular affixes.
Skills: o jogo mantém a ideia de habilidades primárias fáceis de spammar e secundárias com cooldowns maiores. Para desbloquear novas skills via Skill Book você ainda precisa gastar Soul Stones (100 cada). E sim, escolher qual skill priorizar muda sua forma de abordar runs. Quer uma pergunta interessante? Se você planeja ser eficiente em endgame, quais skills justificam o investimento inicial?
Blessings: continuação clara do sistema de buffs temporários que afetam seu run. Blessing of Proficiency melhora skills, Foundation dá buffs globais, enquanto Future e Legacy trazem Gear ou Relics. Administração de Blessings continua sendo um pilar para quem quer otimizar runs.
Gear: o Blessed Corner e as lojas dentro das runs seguem como fontes principais. Itens equipados são carregados entre runs, mas você só pode equipar um por slot; sobras vão para o Blessed stash ou viram Soul Stones. Isso mantém a sensação de que cada item conta e também dá valor econômico para reciclar lixo.
Relics: com o crafting você passa a encarar Relics como peças ajustáveis para builds. Raros dão muito poder; Uniques transformam habilidades. Agora, com a possibilidade de trancar affixes, imbuir e corromper, o Relic passa a ser o hub central das decisões. Controlar os affixes certos virou tão importante quanto escolher o skill principal.
Guias, planners e comunidade
Maxroll entrou pesado auxiliando novos jogadores com guides completos: Beginner’s Guide, Campaign Guide, Skill Guide, Relic Guide, e uma série de recursos sobre endgame (Abyss, Oblivion, Ascension). Para um jogador técnico, essas fontes são ouro porque descrevem não só “o que” mas “por que” certas escolhas funcionam. Se você prefere aprender por números, tem o banco de dados com Skills, Unique Relics, Gear e as três árvores de sinergia: The Great Bell, The Oblivion Bell e The Infernal Bell.
Uma ferramenta prática é o planner de builds que o Maxroll está desenvolvendo. Funciona como um teórico de builds para montar Skill, Gear, Relics, Constellations e visualizar progressão por variantes. O planner permite alternar entre modos (Campaign, Endgame, Ascension), ajustar Tier/Rank e até selecionar Imbuements e Corrupted Implicits nos Relics — essencial para planejar o uso das novas Clockmaker’s Tools. Algumas features ainda em desenvolvimento incluem recomendações de Blessings, ajuste automático de stats de Relics ao mudar Tier, e importação de saves.
A comunidade já compartilha builds exemplares: Veil of Quills para endgame, Split Shot físico progressivo, e versões Summoner com Rosary: o planner ajuda a visualizar a evolução do personagem e padronizar passos para levar as builds ao Void.
“Escrito pela equipe do IGN com ajuda do Tenkiei.”
Endgame e roadmap: o que esperar
Patch 1.1 é grande, mas não é o final. Rogue Snail detalhou um roadmap com duas atualizações maiores: Movement 2.0 (prevista para novembro de 2025) e Cursed War (Q1 2026). Movement 2.0 vai permitir usar todas as habilidades enquanto você se move — mudança gigante para skills canalizadas como Repeaters — além de trazer novo sistema de animação e todas as 52 Constellations. Imagine poder manter o output enquanto reposiciona; isso vai afetar balance, builds tanky que dependem de canal, e a dinâmica de kiting em geral.
O Cursed War chega com um pacote ainda maior: versão completa do Ascension endgame, 12 novos biomas para endgame, melhores algoritmos de geração procedural e, possivelmente, o sistema Endless Nightmares. Além disso, haverá uma expansão paga — Hell Clock: The Cursed War — que adiciona um 4º Ato, novos biomas, monstros, chefes, Skills, Relics e um “Cube Crafting System” que lembra um Kanai’s Cube. Se você curte uma economia de itens e manipulação profunda de affixes, isso é promissor.
E você, prefere deixar a aleatoriedade mandar ou controlar cada pedaço do seu Relic? As decisões que o jogo coloca na sua mão tornam cada run uma escolha intencional: recuperar recursos, gastar ferramentas, arriscar corrupção ou segurar para algo melhor.
Técnico e prático: como otimizar já com Patch 1.1
– Priorize trancar (Locksmithing) affixes que são essenciais para seu build antes de usar outras ferramentas. Isso reduz o risco de perder sua base.
– Use Tool of Tinkering em Relics com um affix ruim, não no coração do seu build — rerrolar secundários é geralmente mais barato e menos arriscado.
– Divine Tool pode aumentar números além do normal: só use em Relics que já estão bem próximos do ideal ou que você pode substituir se der errado.
– Corruption é para quem aceita high-risk, high-reward. Se o seu meta depende de resiliência, evite corromper Relics vitais.
– Imbuements são ótimos para preencher lacunas elementares do build sem trocar equipamentos inteiros — escolha o implícito que complementa sua escala principal (Fury para físico/melee, Faith para feitiços, Discipline para projéteis).
Como jogador que gosta de optimização, recomendo planejar a sequência de uso das ferramentas: por exemplo, transformar o item com Enhancement, depois trancar o que interessa, e só então usar Divine Tool para tentar estourar os valores. Isso diminui as chances de perder progressão.
Pronto para testar? Patch 1.1 amplia o leque de escolhas e dá mais agência ao jogador técnico. Se você curte ajustar números, experimentar variantes e arriscar uma corrupção para obter algo realmente único, agora tem ferramentas explícitas para isso — mas também precisa aprender quando e como usá-las. O futuro do jogo parece apontar para mais mobilidade, mais Constellations para montar builds e uma expansão que promete adicionar profundidade semelhante àquelas mudanças que definem uma era neutra em ARPGs. Quem vai ficar só observando os drops vai perceber que controlar o resultado pode ser tão satisfatório quanto encontrar o item perfeito por acaso. Quem vai preferir o caos do Corrupted Tool?