O remake de Metal Gear Solid 3, agora batizado como Metal Gear Solid Delta: Snake Eater, mal foi anunciado e já chegou trazendo polêmica. A surpresa? O próprio Hideo Kojima, criador da série, declarou que nem pretende jogar esta versão modernizada do clássico. Com isso, o universo Metal Gear ganha um novo capítulo — mas sem a presença ativa de seu mentor.
Logo na entrevista ao site Ssense, Kojima foi direto ao ponto quando perguntaram se ele jogaria o Delta: Snake Eater no lançamento: “Não, não vou.” — Hideo Kojima. Questionado também sobre por que resolveu investir em uma sequência de Death Stranding em vez de um projeto totalmente inédito, ele explicou que expandir suas criações faz parte do seu lado empresarial. Afinal, “é minha propriedade intelectual”, completou o desenvolvedor.
Em vez de revisitar a selva de MGS3, Kojima prefere focar no que chama de “expansão de IP” em outras mídias, como cinema e animações. É um posicionamento pragmático, mas que pode soar frio para fãs que esperavam mais envolvimento. Não há nostalgia que sustente um remake sem alma, refletiu um insider durante o evento de anúncio.
A ruptura com a Konami
O afastamento definitivo de Kojima da Konami começou a ganhar forma em março de 2015, quando seu nome foi misteriosamente removido do site oficial da empresa japonesa. Pouco depois, surgiram notícias de que Kojima Productions funcionava como contratado e que o contrato expiraria ao final do ano, após o lançamento de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain.
Até julho de 2015, “Kojima” já não aparecia nos créditos de The Phantom Pain. Em agosto, Silent Hills foi cancelado e seu demo, P.T., retirado da PlayStation Store em janeiro de 2019. Foi o desmantelamento de um sonho coletivo, deixando claro que, ao sair da Konami, Kojima queria maior autonomia e uma infraestrutura própria para assumir responsabilidades.
Konami Press Start Live e o futuro da série
Em junho de 2025, a Konami voltou a dar as caras com o evento Press Start Live, trazendo um showcase recheado de novidades. Entre flashes do remake de MGS3, o público teve um gostinho do novo Silent Hill f e de outros títulos clássicos em desenvolvimento. Foi uma maneira da empresa provar que ainda detém poder e nostalgia suficientes para surpreender.
Mas e o sonho de um reencontro entre Kojima e Konami? O produtor Noriaki Okamura não esconde o desejo de unir forças novamente: “Mas falando por mim, adoraria trabalhar com o Sr. Kojima e o restante da equipe novamente. Se isso acontecesse, seria um sonho.” — Noriaki Okamura. Ainda assim, ele reconheceu que “as pessoas seguiram caminhos diferentes e temos novos compromissos”, o que torna esse reencontro algo cada vez mais improvável.
Kojima não está para revisitar seu passado, mas sim para redefinir o futuro do entretenimento interativo. E isso fica claro quando olhamos para seus projetos atuais. Em junho de 2025, Death Stranding 2 chegou ao mercado e promete conectar ainda mais jogadores à sua visão única de cooperação e suspense.
Além disso, há o aguardado filme live-action de Death Stranding, coproduzido com a A24, e OD, descrito pelo próprio Kojima como “um jogo que sempre quis criar”. Para fechar o trio de novidades, ele também lidera um projeto exclusivo para PlayStation, focado em espionagem e ação.
No fim das contas, enquanto o remake de Snake Eater se prepara para revisitar lendas do passado, Kojima segue determinado a moldar novas experiências em diferentes mídias. Resta saber se, daqui a alguns anos, ele decidirá que vale a pena dar um play naquele clássico novamente — ou se seguirá inabalável na sua trilha própria. Seja qual for o rumo, uma coisa é certa: o nome Kojima ainda carrega peso suficiente para sacudir a indústria.