No fim dos anos 90 rolou uma história curiosa nos bastidores: as irmãs Wachowski quereram que Hideo Kojima, o criador de Metal Gear, desenvolvesse um jogo baseado em Matrix — mas, segundo relatos, a Konami recusou. A informação veio em uma reportagem do Time Extension que resgatou uma nota da NextGen de dezembro de 1999; aparentemente Kojima estava cotado para o projeto, mas a direção da Konami preferiu mantê‑lo focado na franquia Metal Gear. E aí, será que foi decisão estratégica ou medo de dispersar talento?
“As Wachowskis eram grandes fãs do Kojima”, disse Christopher Bergstresser, vice‑presidente de licenciamento da Konami Digital Entertainment, ao Time Extension. “Então Kazumi Kitaue, Kojima, Aki Saito (que ainda trabalha com o Kojima) e eu estávamos na sede da Konami, e recebemos uma ligação das Wachowskis, que queriam se encontrar com o Kojima. Elas vieram!” Segundo Bergstresser, elas trouxeram um artista conceitual e pediram diretamente: “Nós realmente queremos que você faça o jogo Matrix. Você pode fazer isso?” Aki traduziu para o japonês e, sem cerimônia, Kitaue respondeu: “Não.”
Konami aparentemente preferiu evitar um projeto que pudesse tirar o foco da equipe que vinha entregando Metal Gear. Isso fez com que Kojima e seu time seguissem concentrados em Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty, lançado em 2001, um título que consolidou ainda mais a reputação do estúdio em narrativa complexa e design técnico refinado. Não foi exatamente um tiro no pé: manter a qualidade e a identidade do estúdio tinha lógica do ponto de vista de longo prazo.
Por outro lado, nem todo mundo lembra a história da mesma forma. Um ex‑funcionário da Konami, que preferiu não se identificar, afirmou que a Konami havia demonstrado “forte interesse” no jogo e que houve “imensíssima decepção” quando o projeto não saiu do papel. Diferenças de memória corporativa existem — e quantas negociações são resolvidas por uma única pessoa no comando?
O universo Matrix acabou ganhando jogos mesmo assim: Enter the Matrix (2003) da Shiny, The Matrix: Path of Neo (2005), e The Matrix Online (2005) da Monolith. Mais recentemente tivemos a demonstração técnica Matrix Awakens: An Unreal Engine 5 Experience em 2021, que ficou famosa por mostrar o poder do Unreal Engine 5 em um cenário hiperrealista.
E o Kojima hoje?
Kojima não sofreu com a recusa; depois de Metal Gear Solid 2 ele seguiu consolidando sua carreira e mais recentemente lançou Death Stranding 2. Agora está envolvido em múltiplos projetos, incluindo OD, um jogo de horror para a Xbox Game Studios. O primeiro trailer lançou especulações sobre ligações com P.T., e o elenco traz nomes como Sophia Lillis, Udo Kier e Hunter Schafer, com sequências que exploram a atmosfera de casa assombrada e tensão psicológica.
No fim das contas, o jogo Matrix com Kojima nunca aconteceu — e talvez por isso mesmo tenhamos ganhado outras experiências muito diferentes. Será que teria sido um Matrix à la Kojima, com camadas narrativas e quebra de expectativas, ou algo que teria diluído o foco do estúdio? Ficamos com a imaginação — e com os jogos que vieram depois.