A revolução do Steam Deck abriu espaço para uma nova categoria de portáteis poderosos: os handhelds que rodam jogos de PC com performance séria e ergonomia pensada para maratonas. Nos últimos dois anos vimos essa cena amadurecer rápido — empresas grandes entraram com força, ajustes de software melhoraram a experiência e agora há opções para praticamente todo perfil: quem quer preço baixo, quem precisa de desempenho bruto, e quem prefere telas top. Neste texto eu destrincho os quatro melhores modelos do momento, comparo desempenho, bateria, tela e ergonomia, e explico quando faz sentido escolher cada um. Preparado para escolher seu próximo bichinho para jogar fora de casa?
Lenovo Legion Go S (Z1 Extreme, SteamOS) — o novo topo
Especificações principais:
– CPU/GPU: AMD Z1 Extreme (APU)
– Memória: 32 GB LPDDR5 @ 6.400 MHz
– Armazenamento: 1 TB NVMe SSD
– Peso: 1,61 lb (≈730 g)
– Dimensões: 11.77 x 5.02 x 0.89 in
Quando o Legion Go S foi lançado pela primeira vez em fevereiro de 2025, parecia um experimento mal resolvido: configuração com Z2 Go fraca demais rodando Windows 11, preço alto e pouca justificativa técnica. Lenovo consertou boa parte disso ao relançar o aparelho com o Z1 Extreme e SteamOS nativo — mudança que transforma a experiência. SteamOS tira muita sobrecarga do sistema, o Proton otimiza compatibilidade e, no meu teste, essa versão do Go S deixou para trás concorrentes Windows em vários benchmarks sintéticos — chegando a até 9% de vantagem sobre o Asus ROG Ally X em cenários específicos.
Performance prática: o Z1 Extreme combinado com 32 GB de RAM em alta frequência entrega margem para manter jogos a 60 fps em títulos exigentes. Eu consegui rodar Baldur’s Gate 3 a 60 fps estáveis em configurações muito mais confortáveis do que no Steam Deck; isso não é trivial para um handheld. A memória rápida e o SSD NVMe ajudam a reduzir tempo de carregamento e stutter em mundos abertos. Porém, cada concessão tem custo: a bateria do Go S é fraca se você for usar desempenho máximo — espere runtime reduzido em sessões intensas.
Ergonomia e tela: o aparelho é grande — talvez um dos maiores handhelds que já manuseei — mas Lenovo trabalhou bem o design. Bordas arredondadas, textura antiderrapante e um layout de controles confortável. A tela LCD do Go S é, surpreendentemente, linda: contraste, brilho e fidelidade de cor bem calibrados. Não alcança a vivacidade de um OLED, mas, por ser LCD, tem menos risco de burn-in e oferece excelente nitidez. Se você dá prioridade a imagens mais fiéis e temperaturas de cor estáveis, pode preferir essa solução.
Software: rodar SteamOS aqui é um ponto de virada. Além de maior fluidez no launcher e nas atualizações do Proton, você ganha compatibilidade direta com a biblioteca Steam otimizada — sem o peso do Windows. Se sua prioridade é jogar com o mínimo de interferência do sistema, o SteamOS neste Lenovo entrega uma experiência mais limpa.
Pontos fortes
– Performance elevada para um handheld (Z1 Extreme + 32 GB).
– Tela LCD muito competente; ergonomia bem pensada.
– SteamOS melhora eficiência e compatibilidade em muitos jogos.
Pontos fracos
– Autonomia limitada em cargas altas.
– Preço alto (por volta de US$ 829), custando bem mais que o Steam Deck.
Quem deve comprar? Se você quer desempenho próximo ao de um portátil potente, conforto ergonômico e prefere a simplicidade do ecossistema Steam, o Legion Go S é o handheld a ser batido. Só não espere durar horas e horas com jogos pesados sem um carregador por perto.
Asus ROG Ally X — o melhor Windows para quem quer potência e bateria
Especificações principais:
– CPU/GPU: AMD Z1 Extreme
– Memória: 24 GB LPDDR5 @ 7.400 MHz
– Armazenamento: 1 TB NVMe SSD
– Peso: 1.49 lb (≈675 g)
– Bateria: 80 Wh
– Dimensões: 11.02 x 4.37 x 0.97–1.45 in
A Asus pegou a base do ROG Ally e fez mudanças cirúrgicas que, juntas, transformam a experiência: mais RAM, memória mais rápida, refrigeração melhorada e uma bateria gigante de 80 Wh — o dobro de algumas gerações anteriores. O resultado é um handheld Windows que consegue manter clocks mais altos por mais tempo e ainda oferecer autonomia convincente, algo que muitos modelos Windows não alcançavam.
Desempenho: graças ao subsistema de memória mais agressivo (LPDDR5 a 7.400 MHz), vi ganhos médios de 12–15% em alguns jogos frente ao modelo original. A combinação Z1 Extreme + RAM rápida dá margem para rodar títulos AAA com gráficos razoáveis mantendo frames mais estáveis. O cooler redesenhado ajuda a dissipar calor sem transferir muito para a tela, resolvendo o incômodo que alguns usuários tinham com aquecimento no touch panel.
Bateria e usabilidade: a grande estrela aqui é a autonomia — jogar por horas com um nível razoável de desempenho é possível sem carregar a todo momento. Isso faz do Ally X uma opção bem prática para quem quer maratonas longe da tomada. Além disso, a substituição do Mobile XG por uma porta USB-C compatível com Thunderbolt 4 abre mais possibilidades de dock, e a revisão do slot microSD indica maturidade no produto.
Tela e acabamento: ainda IPS, o que decepciona alguns que já pedem OLED por padrão, mas a qualidade e calibração são sólidas. Controles são responsivos e o peso extra do aparelho é compensado pela distribuição — continua confortável em جلسões longas. A Asus também resolveu vários pontos de durabilidade e usabilidade que incomodaram na primeira versão.
Pontos fortes
– Excelente combinação de desempenho e autonomia.
– Memória muito rápida que aumenta a performance real.
– Porta Thunderbolt 4 e melhorias de construção.
Pontos fracos
– Continua usando uma tela IPS em vez de OLED.
– Ainda carrega o custo de um handheld Windows (complexidade maior).
Quem deve comprar? Se você quer a liberdade do Windows e precisa durar mais tempo longe da tomada sem sacrificar muito desempenho, o Ally X é a melhor opção entre os Windows handhelds hoje.
Valve Steam Deck (OLED) — o padrão, ainda imbatível no custo-benefício
Especificações principais (OLED):
– CPU: 4-core, 8-thread AMD Zen 2
– GPU: 8-core AMD RDNA 2
– Memória: 16 GB LPDDR5
– SSD: 256 GB (varia por SKU)
– Tela: 7″ OLED (1200 x 800)
– Peso: 1.47 lb (≈667 g)
O Steam Deck foi o produto que popularizou a categoria, e mesmo com concorrentes mais recentes ele continua sendo uma escolha sensata. A versão OLED traz uma tela de 7 polegadas mais vibrante, melhor contraste, ótima reprodução de cores e uma experiência de leitura visual superior. Além disso, o ecossistema SteamOS e o Proton continuam a evoluir, oferecendo compatibilidade cada vez melhor com jogos grandes do catálogo Steam.
Performance e compatibilidade: o hardware do Deck não é tão moderno quanto os Z1/Z2 das outras máquinas, mas é eficiente para o que se propõe. O segredo está na integração: SteamOS + Proton + otimizações de jogo fazem com que muitos títulos rodem muito bem sem configurações mirabolantes. A comunidade e os desenvolvedores também otimizam patches e perfis pensando no Deck, o que ajuda bastante.
Autonomia: é um ponto frágil — o Deck sofre com runtime curto em jogos pesados, então planeje sessões curtas fora da tomada ou ajustes gráficos mais conservadores. Por outro lado, o preço mais acessível torna-o imbatível para quem quer entrada sólida no mundo dos handhelds de PC.
Docking e expandibilidade: o Steam Deck funciona bem com docks e acessórios. Se você enjoar da tela pequena, a solução de um dock decente muda o modo de uso para algo semelhante a um PC/console para sala.
Pontos fortes
– Melhor custo-benefício e vasta biblioteca otimizada.
– Excelente controle e suporte pela Valve/SteamOS.
– Versão OLED melhora muito a experiência visual.
Pontos fracos
– Autonomia frágil em títulos pesados.
– Hardware menos potente em comparação com os modelos Z1/Z2 premium.
Quem deve comprar? Se você quer o melhor ponto de entrada com ótima integração Steam e não precisa do máximo desempenho por conta própria, o Steam Deck OLED é provavelmente a escolha mais sensata.
Lenovo Legion Go 2 — o OLED grande e caro
Especificações principais:
– CPU/GPU: AMD Z2 Extreme (opcional)
– Memória: até 32 GB LPDDR5X
– Armazenamento: 1 TB SSD
– Tela: OLED 144 Hz (1920 x 1200)
– Peso: 2.03 lb (≈920 g)
– Dimensões: 1.66 x 11.64 x 5.38 in
O Legion Go 2 faz uma aposta clara: colocar uma tela OLED grande, alta taxa de atualização e performance de verdade dentro de um formato que ainda seja portátil. O preço inicial já diz tudo — começa em torno de US$ 1.099 e escala rápido quando você configura com Z2 Extreme e 32 GB. Isso te coloca na zona de preço de muitos laptops gamers, então a justificativa precisa vir do conjunto: tela, controle e portabilidade relativa.
Tela e experiência: o painel OLED com 144 Hz e VRR é realmente impressionante; fluidez e cores são de alto nível para um handheld. A Lenovo, no entanto, decidiu abaixar a resolução do predecessor (de 2560 x 1600 para 1920 x 1200) para equilibrar performance — escolha sensata para manter taxas altas sem detonar a bateria.
Performance: com Z2 Extreme e 32 GB você tem ganhos palpáveis — em revisões, o Go 2 ficou entre 10–20% mais rápido que Z1 Extreme em cargas equivalentes. Os controles removíveis retornam, com botões reorganizados para ergonomia melhorada e atalhos que fazem sentido no Windows (desktop, Task View). Aumenta a produtividade e o uso fora dos jogos.
Tamanho e portabilidade: aqui está o dilema. O aparelho é grande e pesado demais para quem busca “portabilidade” pura. Se sua ideia é jogar no trem lotado, talvez seja pesado demais; mas para jogar em casa, no sofá ou em viagens onde você tem bolsa, ele entrega experiência top. E, claro, por esse preço dá pra comprar um laptop mais potente — a diferença é que o Go 2 te oferece a experiência de console portátil com performance topo de handheld.
Pontos fortes
– Melhor display OLED entre os handhelds.
– Performance sólida com Z2 Extreme.
– Controles bem reposicionados e recursos de produtividade.
Pontos fracos
– Muito caro; você compra laptop equivalente pelo mesmo valor.
– Grande e pesado para ser um handheld verdadeiramente móvel.
Quem deve comprar? É para quem prioriza tela e qualidade de imagem, quer alto refresh em portátil e não liga de pagar por isso. Se você busca o máximo de fidelidade visual num formato “meio portátil”, é uma opção natural.
“Encontrei uma forma de instalar a nova Xbox Full Screen Experience no modelo anterior e vi uma melhora substancial no desempenho, porque o Windows não precisa carregar partes mais pesadas do seu sistema.” — Jackie Thomas, Hardware and Buying Guides Editor, IGN
O que vem por aí e por que vale a pena esperar
A categoria ainda está aquecida. O anúncio do Asus ROG Xbox Ally X em parceria com a Microsoft mostra que há espaço para otimizações de software profundas que vão além de hardware melhor. O Xbox Ally X promete integração com a nova experiência Xbox Full Screen, o que pode reduzir overhead do Windows e melhorar a eficiência em jogos quando comparado com um Windows “puro”. Isso significa que aparelhos com o mesmo chip Z2 Extreme podem variar bastante entre si dependendo do quanto o fabricante e a Microsoft ajustarem o sistema.
Outro ponto importante: upgrades em memória e refrigeração se provaram mais determinantes do que um salto minoritário em clocks. Memória com maior largura de banda, SSD rápido e um bom design térmico mantêm o desempenho consistente. Quando o Xbox Ally X chegar (lançamento previsto para 16 de outubro por US$ 999, conforme anunciado), vamos ter um comparativo interessante entre handhelds Windows com forte integração de software vs. alternativas SteamOS. Eu estou curioso para comparar, especialmente em jogos que exigem muita CPU/GPU simultaneamente.
Comprar o handheld mais caro não garante a melhor experiência — planejamento térmico, otimização de software e a escolha certa de ecossistema pesam tanto quanto o APU.
Perguntas práticas que aparecem sempre: se você planeja usar o aparelho como substituto do console/PC, avalie também docks, suporte a teclado/Mouse e como cada sistema lida com multi-tarefas. A presença do Xbox Full Screen Experience pode mudar a equação para quem prefere Windows, enquanto SteamOS segue forte por sua simplicidade e integração Steam.
FAQ rápido — dúvidas que sempre aparecem
Devo comprar um handheld gaming PC ou um laptop gamer?
Depende do uso. Handhelds ganham em portabilidade (real), otimização de bateria e conforto em sessões rápidas; geralmente têm termalização mais eficiente para o formato. Laptops oferecem muito mais potência bruta e melhor custo/benefício por performance, além de serem mais versáteis para produtividade (edição, streaming, etc.). Se jogatina em qualquer lugar é prioridade, escolha handheld; se performance absoluta e trabalho são importantes, laptop.
Qual o melhor substituto para o Steam Deck?
Hoje, o Asus ROG Ally X é apontado como a melhor alternativa ao Steam Deck, especialmente para quem prefere Windows por causa da biblioteca completa e compatibilidade com apps. Mas o Legion Go S (SteamOS) mostra que SteamOS ainda é uma força — se você prioriza experiência Steam pura, ele é a melhor opção.
Como o Switch 2 se compara ao Steam Deck?
No papel, o Switch 2 tende a superar o Steam Deck em alguns aspectos de desempenho por ser otimizado para jogos Nintendo específicos. Mas a comparação depende muito do que você quer: biblioteca Nintendo vs. catálogo PC. Se você quer jogos triple-A de PC, o Steam Deck e os concorrentes Z1/Z2 oferecem mais flexibilidade. Se prefere exclusivos Nintendo e jogos otimizados para console, o Switch 2 pode ser mais atraente.
Dicas finais de compra
– Pense ecossistema: SteamOS é ótimo para quem vive no Steam; Windows abre possibilidades, mas exige mais manutenção.
– Cheque refrigeração e reviews sobre throttling (queda de performance por calor).
– Não ignore autonomia: especificações de bateria nem sempre traduzem uso real.
– Se possível, experimente a ergonomia antes de comprar — peso e layout de botões fazem muita diferença em sessões longas.
Se você tem dúvida entre dois modelos, qual jogo é prioridade? Prefere jogar em 60 fps estáveis com gráficos altos ou ter maior autonomia e preço menor? Qual é seu setup fora de casa (vai usar dock, powerbank, etc.)? Essas perguntas determinam mais sua escolha do que números brutos na ficha técnica.