Mark Darrah diz que motor antigo e falta de verba impediram remaster de Dragon Age Origins

A BioWare vive um impasse curioso: enquanto se dedica exclusivamente a Mass Effect 5, a ideia de revisitar as raízes da franquia Dragon Age — começando por um remaster de Origins — esbarra em barreiras técnicas, financeiras e estratégicas. Mark Darrah, ex-chefe da franquia, falou isso de forma direta e elucidativa, e o que ele revelou ajuda a entender por que um projeto que parece óbvio para os fãs não saiu do papel.

“Honestamente, eu acho que eles deveriam — eu não acho que vão, mas deveriam — fazer um remaster dos três primeiros [jogos de Dragon Age]” — Mark Darrah. A proposta original era até rebrandear os primeiros jogos como uma trilogia, nomeada hipoteticamente de Champions Trilogy, para dar coesão aos heróis maiores que a vida da série. A ideia é simples: dar uma polida, relançar como remaster (provavelmente não um remake completo) e medir a resposta do público antes de seguir em frente. Faz sentido, não faz?

Por que é tão difícil remasterizar Dragon Age?

Do ponto de vista técnico, o problema é óbvio: o motor de Dragon Age: Origins já está envelhecido e foi customizado de maneiras que tornam a tarefa de remasterização muito mais complicada do que o equivalente em Mass Effect. Mass Effect teve a vantagem de ser desenvolvido em um motor mais comum (Unreal), o que facilita portar, atualizar e trabalhar com equipes externas. Em contraste, Origins exige um trabalho profundo de engenharia reversa ou reestruturação interna — algo que não se resolve com outsourcing simples.

“Um dos primeiros planos para Joplin [a versão inicial de Dragon Age 4] era: ‘vamos usar ferramentas Frostbite, encontrar um estúdio de mod talentoso e só elevar eles, pagar para fazer um remake de Dragon Age: Origins'” — Mark Darrah. A realidade foi menos linear: contratar externa ou remasterizar fora do estúdio não era viável, principalmente por causa da arquitetura do jogo. “Você não pode realmente remasterizar Dragon Age externamente, provavelmente tem que ser feito internamente” — Mark Darrah.

A outra camada é financeira e corporativa. Darrah aponta uma resistência histórica da EA a remasters. “EA historicamente tem sido — e eu não sei por quê, mas eles até disseram isso publicamente — meio contra remasters” — Mark Darrah. Para uma companhia pública, isso parece contraintuitivo: remasters costumam ser “dinheiro fácil”. Então por que rejeitar? Em parte, porque os estúdios operam com suas próprias finanças e prioridades. BioWare foi enxugada e virou um estúdio de projeto único, dedicado a Mass Effect 5. A lógica interna foi: se o orçamento está alocado para um grande projeto, o remaster teria que ser feito com o mesmo dinheiro — e isso simplesmente não bate.

Isso significa que, mesmo que haja vontade criativa, a combinação de motor arcaico, necessidade de trabalho interno e falta de alocação de verba tornam o remaster tecnicamente e economicamente complicado. Remasterizar internamente exige mão de obra, ferramentas compatíveis (Frostbite, por exemplo, ou um pipeline próprio) e tempo — todos escassos quando o foco é outro jogo AAA.

O que isso diz sobre o futuro da franquia?

Darrah também traça um paralelo entre Dragon Age e Mass Effect: ambas têm trilogias bem recebidas e um quarto jogo que dividiu opiniões (Inquisition/Andromeda, respectivamente). Ele fica curioso sobre como Mass Effect 5 vai lidar com o legado e a narrativa que inclui Andromeda, já que trailers iniciais reconhecem a galáxia de Andromeda mas prometem retornar ao Milky Way com personagens e temas mais familiares. Será que a BioWare vai integrar o passado, consertar expectativas e usar o remaster como aquecimento para futuras entradas? Ou vai priorizar novos rumos e deixar o catálogo remasterizado para depois (ou nunca)?

Do ponto de vista do jogador técnico: um remaster bem-feito de Origins poderia dar ao jogo melhorias gráficas, desempenho, IA e qualidade de vida de interface — coisas que fãs de shooters e jogos de ação notam de cara. Mas isso exige reescrever sistemas, adaptar animações e reconstruir assets com pipelines modernos. Quem faria isso com orçamento apertado e equipe reduzida?

No curto prazo, Dragon Age parece em hiato. BioWare está concentrada em Mass Effect 5, que ainda está em produção inicial e a anos de lançamento. Para os fãs da fantasia, resta a esperança de que um dia o estúdio encontre espaço (e vontade corporativa) para reviver Origins e companhia como um pacote remasterizado que faça jus ao legado.

E aí, você prefere um remaster fiel que preserve a jogabilidade clássica com gráficos atualizados, ou um remake que reimagina sistemas e combate para os padrões modernos? Pense nisso: é uma decisão que envolve técnica, comunidade e, claro, a política interna da editora — três ingredientes que nem sempre combinam facilmente.