A série Fallout voltou a bombar na boca do povo com a chegada da segunda temporada no Prime Video em dezembro — e com isso vieram os mesmos pedidos de sempre: cadê o Fallout: New Vegas 2? A desenvolvedora original, Obsidian, ouve a torcida mas tem outra prioridade clara: criar e consolidar IPs próprios. Enquanto a Netflix (ou melhor, a Prime) dá visibilidade, o mercado de jogos segue com estratégias diferentes — especialmente aqui no Brasil, onde a recepção a séries e remasters costuma inflamar a comunidade. Quem não quer ver a Mojave ressurgindo com a cara de 2025 nos nossos consoles e PCs?
Obsidian prefere criar do zero
Obsidian ganhou fama mundial com Fallout: New Vegas (2010), então não é surpresa que fãs sempre peçam um retorno. Mas a empresa tem investido pesadamente em franquias novas: Grounded e sua sequência, o RPG de fantasia Avowed, o sci‑fi The Outer Worlds e sua sequência, e até Pentiment, um projeto autoral mais nichado. Em vez de ficar refazendo sucessos alheios, a Obsidian quer construir propriedades que carreguem a sua assinatura criativa. Essa postura também faz sentido do ponto de vista de estúdio: IP próprio significa controle criativo, royalties maiores e liberdade para experimentar mecânicas sem o peso da expectativa histórica.
Em entrevista para o site The Game Business, Marcus Morgan (VP de operações) falou justamente sobre essa alegria de criar algo do zero. “Eu sei que todo mundo na internet, em todo jogo que anunciamos, sempre vai voltar com: ‘Quando sai o próximo New Vegas? Ou quando sai o próximo tal?'” — Marcus Morgan. A fala sintetiza o sentimento: a nostalgia é poderosa, mas a aposta da Obsidian é no futuro.
Microsoft e a política de IPs
Apesar de a Bethesda e sua dona Microsoft terem a marca Fallout no portfólio, a relação entre Obsidian e Xbox tem sido de suporte, não de imposição. Justin Britch, VP de produção da Obsidian, deixou claro que a gigante tem dado liberdade: “A Xbox tem sido bem apoiadora nas coisas que queremos fazer. Tem sido ótimo.” — Justin Britch. Isso explica por que não houve pressão pública para transformar o pedido por New Vegas 2 em ordem direta de desenvolvimento.
É importante contextualizar para o público brasileiro: a Microsoft tem investido pesado em exclusivos e estúdios, e a estratégia é diversificar o catálogo do Xbox/PC. Nem sempre isso se traduz em remakes de clássicos — às vezes é mais vantajoso lançar uma nova IP que capture audiência global e gere sequências próprias. Do ponto de vista de portfólio, sequências de IPs originais podem ser mais rentáveis e sustentáveis.
E quanto ao remaster ou a sequência que os fãs pedem? No recente Fallout Day não apareceu nenhum remaster de New Vegas — apesar de celebridades (como Danny Trejo) terem pedido publicamente por um remake — e também não houve anúncio de novos jogos da franquia naquele evento. Rumores existem: com The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered já lançado, circulou no passado o vazamento de um possível Fallout 3 Remastered em 2023, mas planos podem mudar com frequência nas grandes produtoras. Aqui no Brasil, a comunidade costuma se dividir entre quem quer remaster e quem prefere um título totalmente novo.
Todd Howard, da Bethesda Softworks, também ponderou sobre isso em entrevista de junho de 2024 com MrMattyPlays: “Eu não quero apressar isso. Não sentimos que precisamos correr para lançar algo; queremos que cada franquia — seja Elder Scrolls, Fallout ou Starfield — tenha momentos significativos para quem ama essas séries.” — Todd Howard. Ou seja, calma: há interesse, mas o foco é qualidade e tempo de desenvolvimento.
A história recente da franquia ajuda a entender a hesitação. O último Fallout “mainline” foi o Fallout 4 (2015), e Fallout 76 (2018) tomou um caminho multiplayer que dividiu opiniões. A série só ganhou novo impulso de atenção massiva depois da adaptação televisiva — e isso altera expectativas. Será que a popularidade da série na TV empurra automaticamente os estúdios a acelerar um jogo? Nem sempre. Desenvolver RPGs single‑player densos dá trabalho, especialmente se o objetivo é não desapontar uma comunidade tão vocal.
Enquanto isso, fãs que querem a vibe de New Vegas podem achar consolo em The Outer Worlds 2 — título da própria Obsidian com muitas semelhanças em tom, escolhas morais e gameplay. Quer comparar as mecânicas e sentir aquele gostinho de Mojave? Vale checar as análises técnicas. E pra quem joga no Brasil, jogar em Xbox Series X ou PC continua sendo a melhor experiência em termos de performance e mods, algo a se considerar se um remaster vier à tona.
No fim das contas, a pergunta que fica não é só “quando” ou “se” New Vegas 2 vai sair — mas “como” ele deveria sair para justificar a existência diante do original. Você quer um New Vegas com gráficos modernos e a mesma liberdade narrativa, ou prefere que a Obsidian continue apostando em novos mundos e histórias com a sua cara? Seja qual for sua aposta, o mercado está mais dinâmico que nunca: remasters, séries de TV e novas IPs criam um ecossistema que pode, sim, abrir espaço para surpresas. E se um dia New Vegas voltar, espero que volte do jeito certo — com respeito ao design original e melhorias técnicas que façam cada escolha do jogador realmente importar.