A chegada de Octopath Traveler 0 no Nintendo Switch 2 empolgou a comunidade de fãs, mas a alegria virou frustração quando descobriram que a “edição física” é, na verdade, um simples Game-Key Card – um cartão com código para download, e não um cartucho que contenha o jogo. Essa informação pipocou em lojas como Amazon, Best Buy e no próprio site da Square Enix, onde todas as versões para Switch 2 exibem o selo “Game-Key Card” na arte da caixa. Curiosamente, até a belíssima Collector’s Edition de US$230 segue esse caminho, enquanto todas as outras plataformas ganharão cópias físicas de verdade.
O que muda com o Switch 2?
No lado bom, quem jogar no Switch original receberá um cartucho tradicional, mas há um grande porém: não existe qualquer opção, paga ou gratuita, para atualizar o jogo da versão Switch 1 para a Switch 2. Em outras palavras, se você comprar o cartucho físico para o primeiro console e depois migrar para o modelo mais novo, ficará sem possibilidade de migração. Quem optar por ter uma edição “física” no Switch 2, portanto, terá de se contentar com o Game-Key Card – o que quebra as expectativas de quem queria evitar downloads pesados ou simplesmente colecionar mídias tangíveis.
Mas por que essa escolha? A principal justificativa da Nintendo é o tamanho dos arquivos: Octopath Traveler 0 pesa cerca de 5GB, segundo análises preliminares. Colocar esse volume em um cartucho poderia elevar o custo de produção e, consequentemente, o preço final ao consumidor. É aí que entra o argumento econômico: a produção de cartões contendo apenas chaves de download é mais barata e ajuda a manter o valor do jogo mais acessível.
“Key cards vão ser a maioria dos lançamentos iniciais quando você constrói um console que depende de tecnologia microSD Express. Ou você usa um cartucho de 64GB e precifica seu game acima de US$60 para manter a mesma margem que teria no PS5, ou usa um key card e mantém o preço mais baixo.” – Daniel Ahmad, diretor de pesquisa da Niko Partners (traduzido).
Esse modelo, porém, não agrada todo mundo. Consumidores que questionam os direitos de propriedade digital se sentem ainda mais inseguros, pois o código do key card é apenas um passe para a loja virtual; ele não garante acesso vitalício se, por algum motivo, a conta for banida ou o servidor cair. Além disso, a praticidade de inserir um cartucho e começar imediatamente ficou para trás, cedendo espaço a uma espera por download que pode ser especialmente incômoda para quem tem conexão mais lenta.
“Não há caminho, pago ou não, para fazer o upgrade da edição física do Switch 1 para a Switch 2.” – Square Enix (publicado em plataformas sociais, traduzido).
A história dos Game-Key Cards não é novidade: eles já geraram polêmica com Bravely Default 1 HD Remaster, e a estratégia da Square Enix vem sendo alvo de desconfiança dos fãs. Vale questionar: será que todos os futuros lançamentos da empresa para o novo console seguirão esse mesmo padrão? E como isso afeta a preservação dos jogos a longo prazo?
Quem planejava ter o jogo na prateleira sem preocupações técnicas ficou em xeque. Comprar um cartucho para o Switch original significa aceitar limitações de upgrade e, depois, arcar com download de 5GB no Switch 2. Para os colecionadores mais exigentes, essa junção de físico e digital soa contraditória e, no mínimo, desconfortável. O formato promete custos reduzidos e caixas bonitinhas, mas a experiência de uso deixa a desejar, fugindo do conceito clássico de “edição física”.
Enquanto isso, a comunidade segue dividida entre aceitar o novo padrão por uma questão de preço e espaço de armazenamento, ou pressionar por opções que atendam quem ainda valoriza o controle completo sobre suas compras. O futuro da mídia física no Switch 2, ao que tudo indica, será repleto de Game-Key Cards – e é melhor se acostumar a inserir códigos em vez de encaixar cartuchos. Para quem acompanhou o anúncio cheio de expectativas, a sensação foi de progresso misturado com um gostinho amargo de download obrigatório e incerteza sobre a posse real do jogo.