Tencent altera página no Steam de Light of Motiram após Sony acusar jogo de “clone servil” de Horizon

Nos últimos dias a controvérsia entre Sony e Tencent ganhou um novo capítulo: a página de Light of Motiram no Steam foi atualizada logo após a Sony abrir um processo alegando que o jogo é um “clone servil” de Horizon. Se você acompanha casos de propriedade intelectual em jogos, já sabe como mudanças visuais e de texto podem ser tanto gesto de boa fé quanto movimento tático; qual é o caso aqui?

O que mudou no Steam e por quê isso importa

A atualização foi discreta, mas significativa: trailers e várias screenshots foram removidos, e a imagem de capa — antes claramente inspirada na protagonista ruiva de Horizon — foi trocada por uma arte menos problemática. Mudar imagens e descrição na página do Steam não apaga as semelhanças apontadas por Sony. A descrição também foi reescrita. Antes dizia, em tradução livre: “Em um mundo dominado por máquinas colossais, explore um vasto mundo aberto, construa sua base, avance tecnologia, treine ‘Mechanimals’ e enfrente chefes formidáveis. Começando na era primitiva, forje um novo caminho de desenvolvimento. Desafie a maquinação, sobreviva com mechanimals.” Agora a descrição foca mais em sobrevivência e perigo: “Faça uso inteligente de tudo ao seu redor para permanecer vivo e enfrentar chefes formidáveis, cada passo é cheio de perigo e exige coragem. Só superando os desafios da sobrevivência você pode esculpir um lugar neste território implacável.” Além disso, a janela de lançamento mudou de “a ser anunciado” para “Q4 2027”.

Essas alterações são uma tentativa de reduzir exposição, puro gerenciamento de risco, ou uma admissão tácita de semelhanças problemáticas? A questão central agora é: essas alterações são resposta estratégica ou tentativa de amenizar evidências legais? Ainda existem elementos curiosamente próximos entre as duas franquias: ambientes naturais vastos (florestas tropicais, desertos, montanhas nevadas), dinossauros-robôs gigantes, protagonistas ruivas com vestimentas semelhantes e dispositivos que lembram o “Focus” de Aloy. Sony não considera isso coincidência.

O processo da Sony detalha a linha do tempo que embasa a acusação: segundo a queixa, Tencent teria começado a desenvolver Light of Motiram em 2023 e procurado a Sony na GDC 2024 tentando licenciar Horizon — pedido esse negado. A Sony alega que, mesmo após a recusa, a Tencent continuou o desenvolvimento e promoveu playtests; quando a Sony tentou resolver informalmente o conflito, a Tencent teria novamente tentado obter licença e, não conseguindo, seguiu com promoções. A ação busca responsabilização por infração de copyright e marca, além de indenizações e a destruição de material considerado infrator — pedindo até US$150.000 por obra infringida.

“IGN pediu comentários à Tencent e à Sony.”

Do ponto de vista técnico e de negócios, esse caso é um alerta: franquias AAA têm proteção rigorosa e qualquer semelhança estrutural (estética, mecânica, narrativa) pode virar alvo. Resta saber se a alteração no Steam será suficiente para a defesa da Tencent ou se o processo vai forçar mudanças mais profundas — e, claro, quais precedentes isso deixará para futuros jogos que transitam perigosamente perto de fórmulas consagradas. Afinal, onde termina a inspiração e começa a cópia?